Ela sobreviveu a ataque de urso em zoológico, mas não aguentou ser discriminada na escola

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Mihaela Lulea pede desculpas por seu inglês antes mesmo de iniciar a conversa com a reportagem do ESPN. A romena é insegura em relação a um idioma que aprendeu em casa.

"Aprendi sozinha, com a televisão. Ouço uma coisa e anoto", disse ela, quarta colocada da primeira final do KL3 feminino da canoagem na história dos Jogos Paralímpicos.

A língua estrangeira, porém, não foi a única coisa que Lulea precisou aprender longe da escola. Desde os 14 anos, decidiu que não frequentaria nenhuma instituição de ensino. Não aguentava mais ser discriminada pelo fato de não ter uma parte de sua perna esquerda.

"Meu acidente foi em mil novecentos e... Não, dois mil e... Não, mil novecentos e nove nove... Ah, não sei dizer", tenta ela, traída por seu inglês, buscando rememorar o acontecido em um zoológico na cidade de Timisoara, no oeste da Romênia, quando tinha 12 anos.

Neste momento, a dificuldade para falar não tem nada a ver com o idioma. Lulea, atualmente com 35 anos, ainda se emociona quando lembra o dia em que foi atacada por um urso.

"Eu era uma criança pequena, tinha 12 anos. Estava no zoológico, em minha cidade natal, e não vi o urso se aproximando. Ela pegou meu pé", relembra.
"Eu era judoca. Mas, depois que ela pegou minha perna, não deu brecha para nenhum golpe de judô. Esse é o preço que pago", seguiu, apontando para sua perna amputada.

Foi também por temer o preconceito que ela conheceu a canoagem. "Com 14 anos, não queria ir para a escola. Sofria muita discriminação. Não precisava disso. Precisava fazer algo com meu tempo e comecei a praticar."

Lulea iniciou na para-canoagem em 2006, mas acabou se aposentando precocemente por falta de competições. Em 2011, quando ficou sabendo que a modalidade estrearia nos Jogos Paralímpicos em 2016, voltou a praticar. Ainda sofre, contudo, com a falta de apoio.

"A situação não é boa. Os últimos quatro anos foram difíceis. Só irei a Tóquio, se achar um patrocinador", explicou. "Na Romênia, não vejo o que vejo aqui no Brasil", acrescentou em relação ao apoio do país a seus atletas de modalidades adaptadas.

Apesar dos percalços, Lulea conseguiu ser medalha de bronze no Mundial e no Europeu de para-canoagem, ambos realizados em 2016, na categoria KL3. Sobre a estreia na Paralimpíada, saiu satisfeita só de estar com seu barco na Lagoa Rodrigo de Freitas.


"Eu nunca pensei que um dia estaria aqui competindo", encerrou.

Fonte: MSN

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