Hotéis continuam a desrespeitar lei sobre acessibilidade
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Desconhecendo as normas brasileiras, muitos
hotéis acreditam que apenas inserindo barras de apoio nos banheiros o quarto
estará acessível
No mês de setembro, o Brasil receberá os
Jogos Paralímpicos, evento esportivo que trará à nação um grande número de turistas
estrangeiros, dentre eles, alguns com deficiência. Muitos hotéis brasileiros
esperam hospedar um grande número de clientes, porém, muitos desses hóspedes,
não sabem o que esperar quando chegarem no hotel, principalmente os que possuem
deficiência, pois nem sempre estes estabelecimentos estão aptos para
recebê-los.
Sancionada pela presidente Dilma Rousseff
em julho de 2015, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(Estatuto da Pessoa com Deficiência) nº 13.146, determina que todos os meios de
hospedagem, devem oferecer ao menos 10% de seus apartamentos, adaptados para
pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. A lei entrou em vigor em
janeiro deste ano e os hotéis deverão adaptar seus quartos até o dia 11 de
janeiro de 2018, e os que não o fizerem sofrerão o risco de serem denunciados
para o Ministério Público.
Muitos empreendimentos que estão em fase de
construção já estão sendo viabilizados com os apartamentos adaptados de acordo
com a legislação, porém, mais de 90% da rede hoteleira, que já tem seus hotéis
em pleno funcionamento, parecem não se preocupar com esse assunto, e colocam
‘obstáculos’ para os indivíduos com deficiência ou mobilidade reduzida durante
a busca por hospedagem.
Na visão de Ricardo Shimosakai, Diretor
Presidente da Organização Turismo Adaptado, a primeira falha na elaboração de
um projeto hoteleiro é a falta de visão empreendedora para a acessibilidade,
além da carência de bons profissionais para a execução desses projetos.
“Diversos profissionais como arquitetos e engenheiros, se julgam bons
conhecedores de acessibilidade, porém na maior parte das vezes esse
conhecimento é básico. Por isso é aconselhável chamar um profissional
especializado, para que o resultado seja satisfatório.
Às vezes também são chamadas instituições
ligadas à pessoa com deficiência para dar uma consultoria, mas por não
conhecerem os ambientes e operações específicas da hotelaria, também
podem realizar um serviço inadequado. Quem não vivencia ou estuda a
acessibilidade, dificilmente tem uma boa compreensão das necessidades
envolvidas, e também das soluções mais apropriadas. Nessa área também é preciso
estar atualizado, pois novos conceitos, produtos e tecnologias surgem
constantemente, e quem não acompanha esse movimento, corre o risco de realizar
ações ultrapassadas”, avalia Shimosakai.
A organização Turismo Adaptado desenvolve
atualmente o Programa Acessibilidade na Hotelaria, onde eles realizam um
planejamento aprofundado do meio de hospedagem que tem a intenção de se tornar
adaptado para este público. No programa, é analisado o projeto arquitetônico, a
inclusão de equipamentos que auxiliem os deficientes, além de orientar as
melhores formas de atendimento a esta demanda. Após completado este programa, o
empreendimento recebe uma certificação de acessibilidade, além de fazer parte
dos serviços de agenciamento de viagens acessíveis da empresa
A parte mais sensível ao ser humano de uma
instalação, doméstica ou não, é o banheiro. Ele representa um espaço reservado
que se traduz em um local de grande privacidade. Em um banheiro de hotel é
necessário que esta privacidade seja mantida o mais agradável possível, seja do
ponto de vista visual ou funcional. É neste ambiente que os cadeirantes
encontram maiores problemas durante sua hospedagem. Um dos principais se dá por
conta de o local ter sido projetado em medidas inferiores às adequadas para
este público. O que acaba tornando a simples ida ao banheiro, a mais frustrante
de todas as experiências.
“Arquitetos tem o costume de projetar
banheiros com uma porta mais estreita, e isso às vezes dificulta ou até impede
a entrada de uma cadeira de rodas. Em outros casos o espaço interno é pequeno,
ou os equipamentos estão mal distribuídos. Pias em alturas inadequadas
dificultam a aproximação, assim como barras mal colocadas também dificultam a
transferência da cadeira de rodas para o vaso sanitário. Mas o maior
dificultador fica na área do chuveiro, pois diversos banheiros apresentam box
ou elevações para contenção da água. Banquetas basculantes que geralmente são
fixadas embaixo do chuveiro, ou uma cadeira especial para banho, que são as
mais indicadas, são muito difíceis de se encontrar. E quando finalizamos o
banho, descobrimos que a toalha está localizada num suporte elevado
inacessível”, comenta Shimosakai, que é cadeirante e já vivenciou muitas vezes
dessas situações.
Fonte: Revista Hotéis
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