Deficientes físicos e idosos encontram dificuldade para se locomover no DF
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Mesmo quando os veículos
estão equipados para o serviço, não há paradas de ônibus, nem calçadas de
acesso devidamente preparadas, com marcação táctil e sinal sonoro
"Se não tem ninguém na parada, paro todos os ônibus
e pergunto", afirma o massagista Flávio Luís
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Todas as sextas-feiras, Flávio Luís da Silva,
47 anos, presta serviço de massagem em funcionários de uma agência bancária de
um shopping na área central de Brasília. Às 18h, ele deixa o trabalho, segue
até a Rodoviária do Plano Piloto e tenta pegar um ônibus para a casa, no Gama.
O que parece uma rotina comum exige um grande esforço. Em meio ao barulho do
trânsito e sem nenhuma sinalização, o caminho fica mais tortuoso. Flávio Luís é
cego e precisa contar com a memória e a boa-fé alheia para conseguir chegar à
parada e subir no coletivo correto.
O que parece detalhe é
essencial para Flávio Luís. Sem o piso tátil próximo aos pontos de ônibus, ele
precisa afinar o ouvido e prestar atenção se há barulho de frenagem e de
pessoas subindo no veículo para identificar qual é o local certo de esperar o
transporte. Os outros passageiros o ajudam a confirmar o destino. “Se não tem
ninguém na parada, paro todos os ônibus e pergunto”, comenta. Sem o piso tátil
para o guiar até o ponto, Flávio Luís também usa o meio-fio da calçada como
referência.
Embora seja capital do país e tenha a mais alta
renda per capita, o Distrito Federal não tem requisitos mínimos de
acessibilidade em 93,52% das 5 mil paradas de ônibus existentes. Essa falta de
acesso respeitoso aos deficientes físicos foi tema de uma auditoria do Tribunal
de Contas do Distrito Federal (TCDF), à qual o Correio teve acesso com
exclusividade. O relatório mostrou ainda que 99,07% das calçadas têm falhas, o
que dificulta a locomoção dos deficientes físicos, assim como 90,74% dos pontos
não dispõe de piso tátil e 61,22% não têm rampa próxima para a travessia da via.
A alta porcentagem de paradas fora do padrão
atrapalha a mobilidade de mais de 570 mil pessoas no Distrito Federal. Segundo
dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
22,23% da população do DF declaram algum tipo de deficiência. São histórias
como a do atleta paralímpico Rafael Prudêncio Gonçalves, 28 anos. Ele ficou
paraplégico há quatro anos, após levar um tiro nas costas durante uma tentativa
de assalto em Fortaleza (CE).
Fonte: Correio Braziliense
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