Igrejas adotam interpretação da linguagem de sinais em celebrações
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Em grandes solenidades, a Catedral Metropolitana de Manaus também dispõe das traduções, segundo intérprete. |
Imagine-se migrar para um país onde você
não fala a língua nativa e não pode compreender o que os moradores locais
falam. É como se sentem, muitas vezes, os dependentes da Língua Brasileira de
Sinais (Libras), que não escutam e, em muitos casos, também não falam.
Eles enfrentam a realidade de ser um
estrangeiro no próprio país e depender de familiares para ir a lugares como
shoppings, agências bancárias e restaurantes. Nesse meio escasso de intérpretes
de Libras, em locais com grande movimentação de pessoas, as igrejas cristãs
estão fazendo a diferença e incentivando a tradução em missas, cultos e
encontros de fiéis.
As missas dominicais noturnas da Paróquia
Cristo Rei, no bairro São José 2, zona leste de Manaus, são um dos exemplos de
inclusão por meio de tradução para Libras. O intérprete profissional Renan
Rodrigues, 26, faz parte da comunidade e transmite as missas na linguagem de
sinais há cinco anos. As traduções são feitas para cinco fiéis surdos que
participam da comunidade.
“O surdo já nasce um estrangeiro na própria
terra”, afirmou Renan.
O intérprete disse que, muitas vezes,
precisa acompanhar amigos com deficiência auditiva em bancos, consultórios
médicos ou órgãos públicos.
“Já tive que ir em ambulância para
acompanhar um amigo surdo e poder explicar o que ele estava sentindo para os
médicos. Até já traduzi ultrassom”, acrescentou o jovem. Com a tradução das
missas para Libras, Renan explicou que a intenção é incluir também uma parcela
de fiéis que, em geral, só consegue entender algo, minimamente, se for pela
leitura labial.
Renan disse que também participa da
tradução de celebrações para Libras no Santuário de Aparecida, no bairro de
mesmo nome, na zona sul, atendendo cerca de 30 surdos que acompanham as missas
dominicais noturnas. Ele acrescentou que, em grandes solenidades da igreja, a
Catedral Metropolitana de Manaus também dispõe das traduções.
Outra igreja cristã que busca a inclusão da
comunidade surda é a Assembleia de Deus Tradicional, no bairro Praça 14 de
Janeiro, na zona sul. Nas noites de domingo e segunda-feira, os cultos são
traduzidos para a linguagem de sinais. Algumas das traduções são feitas pelo
intérprete e professor de Libras Henrique Ribeiro, 26, que faz parte da
comunidade da igreja. As traduções não se limitam aos cultos e, segundo
Henrique, ocorrem dependendo da necessidade, incluindo seminários e
encontro com jovens.
Quem tem deficiência auditiva sabe que até
atividades rotineiras apresentam algum grau de dificuldade, como relata o casal
Gilmar Nunes Coelho, 58, e Maria do Socorro de Oliveira Coelho, 52, que
enfrentam juntos desafios cotidianos, como, por exemplo, tirar dúvidas sobre
produtos em comércios.
“A gente ainda tenta se comunicar, mas não
entendem”, afirmou, por meio de Libras, o industriário Gilmar. Da mesma forma,
a dona de casa Maria do Socorro afirmou, também por Libras, que já desistiu de
fazer compras porque não a entendiam.
“É frustrante e seria ótimo que os locais
mais frequentados tivessem uma pessoa que soubesse Libras”, lamentou.
Fonte: D24am
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