Hidrocefalia oculta? Entenda o que é a hidrocefalia em adultos
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A hidrocefalia oculta é uma síndrome
provocada pelo aumento do líquido que circula nas cavidades cerebrais. Quem
primeiro identificou a hidrocefalia de pressão normal (HPN) foi o
neurocirurgião Sálomon Hakim, na Colômbia, em 1957. À época, a síndrome
foi chamada de hidrocefalia sintomática oculta. A curiosidade sobre a doença
cresceu na última semana, após a família da atriz Tônia Carrero informar
que, aos 92 anos, ela sofre dessa síndrome.
Sintomas como a deficiência progressiva da memória,
instabilidade para caminhar e dificuldade para reter a urina devem ser
encaradas como alerta para a busca de ajuda médica, já que quando os três
sintomas ocorrem juntos podem indicar a hidrocefalia.
Estudos científicos mostram que muitas vezes a HPN pode
ser “confundida” com outras doenças semelhantes, especialmente em seus estágios
iniciais. Isso porque, os principais sintomas da síndrome são
relativamente comuns entre a população idosa, justamente a faixa etária mais
atingida pela HPN.
Na última semana, durante as festas de fim de
ano, uma postagem nas redes sociais chamou a atenção da população
brasileira para a doença.Tratam-se de imagens que mostram a atriz Tônia
Carrero, de 93 anos – afastada da TV desde 2004 – , sentada junto a familiares.
Procurada pelo jornal “Extra”, a família de Tônia
revelou que a atriz sofre de hidrocefalia oculta e que seu quadro é “estável”,
mas que “ela não se comunica mais e nem consegue andar normalmente”. Já o
sobrinho da atriz, o ator e diretor Leonardo Thierry, afirmou ao jornal carioca
que a atriz herdou a doença da mãe e já foi operada por duas vezes para tratar
a síndrome.
De acordo com a Sociedade Beneficente Israelita
Brasileira – Albert Einstein, no Brasil há aproximadamente 11 mil novos casos
[da síndrome] em adultos por ano, atingindo igualmente homens e mulheres,
principalmente a partir dos 65 anos. Mas, considerando que a doença é
subdiagnosticada, o número é provavelmente maior.
Entenda a doença
A hidrocefalia ocorre quando o líquido
cefalorraquidiano (liquor), que circula pelo cérebro atuando como um sistema de
proteção, não consegue ser reabsorvido. Normalmente, há cerca de 250 ml desse
líquido circulando e sendo reabsorvido pelo cérebro de um indivíduo adulto,
quantidade que se refaz em média três vezes por dia.
Diferentemente da hidrocefalia infantil, em que ocorre
a expansão da cabeça porque ainda não há consolidação óssea da caixa craniana,
no adulto o liquor não reabsorvido se acumula nas cavidades cerebrais chamadas
ventrículos, comprimindo estruturas cerebrais importantes e causando os
sintomas.
A hidrocefalia pode ocorrer pelo excesso de produção de
liquor, causado por fatores como traumas cranianos, acidente vascular cerebral
(AVC), tumores cerebrais, cirurgias cerebrais prévias e hemorragia das
meninges. Também pode ser provocada quando há oclusão dos canais por onde
circula o líquido, seja por defeito congênito ou por tumores – são casos mais
raros e podem acometer pessoas de todas as idades.
A grande maioria das ocorrências de hidrocefalia em
adultos idosos, porém, está associada à incapacidade do cérebro de reabsorver
adequadamente o liquor, por razões ainda desconhecidas. É denominada
Hidrocefalia de Pressão Normal Idiopática – HPNI (sem causa definida), porque
apesar do aumento dos ventrículos, a pressão do liquor é normal.
“Mais de 90% dos pacientes que apresentam a tríade de
sintomas (comprometimento de memória e/ou funções cognitivas, marcha irregular
e incontinência urinária) têm hidrocefalia”, diz o médico Reynaldo André
Brandt, neurocirurgião do Einstein e presidente da mesa diretora da Sociedade
Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.
“Trata-se de uma doença extremamente limitante. O
paciente não consegue se locomover e fica preso ao leito, com incontinência que
favorece infecções urinárias de repetição”, complementa o médico Ivan
Hideyo Okamoto, neurologista do Einstein.
Diagnóstico
O diagnóstico de hidrocefalia é feito pela história
clínica e por exames de imagem que mostram os ventrículos aumentados. Quando há
suspeita, é realizado o teste terapêutico denominado “Tap-Test”. Inicialmente,
o paciente passa por avaliação da memória cognitiva e por testes de marcha. No
outro dia é submetido à punção de cerca de 30 ml de liquor retirado da coluna
vertebral, o que reduz temporariamente a retenção nos ventrículos.
Os testes são repetidos após a punção. Se o paciente
mostrar melhora nas funções que estavam afetadas, a HPNI fica caracterizada. “O
Tap-Test é importante para a confirmação diagnóstica, pois aumenta a segurança
na indicação de um procedimento cirúrgico para pacientes de mais idade”,
explica Okamoto.
Cirurgia
A cirurgia é a indicação preferencial para o tratamento
da hidrocefalia, segundo os médicos. Trata-se de um procedimento (derivação
ventrículo-peritoneal) adotado já há muitas décadas com índices de eficácia e
segurança superiores a 80%. Consiste na colocação de um cateter no
ventrículo cerebral, ligado a uma válvula e a outro cateter, implantado na
altura do pescoço e que chega até a região do abdômen.
A válvula tem a função de regular o fluxo, abrindo toda
vez em que há aumento dos ventrículos e drenando o excesso de liquor. Os
sintomas desaparecem por completo logo após o procedimento e os índices de
recidiva são extremamente baixos, apontam os especialistas.
Os médicos destacam, ainda, que o avanço da
tecnologia possibilitou a criação de válvulas reguláveis que, caso seja
necessário, podem ser ajustadas sem procedimentos invasivos. Antes delas
qualquer problema nas válvulas exigia que fossem substituídas com a realização
de nova cirurgia.
*Informações do Portal Albert Einstein
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