Com 0,7% de deficientes, GDF tem dificuldade para cumprir lei de cotas

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Pouca publicidade de editais de concurso é uma das causas, diz servidor.
Com síndrome de Down, funcionária relata rotina de trabalho no governo.

Gabriel Luiz
Do G1 DF

Liane Collares é uma dentre os 963 servidores do GDF com deficiência (Foto: Gabriel Luiz/G1)

Apesar de a Lei Orgânica do Distrito Federal prever cota de 20% a pessoas com deficiência, o governo enfrenta dificuldade para preencher as vagas. Hoje apenas 847 dos 122.172 servidores, o equivalente a 0,7% do total, fazem parte desse grupo.

Um dos motivos apontados para o baixo número de candidatos é a pouca publicidade dos editais de concurso, segundo o chefe da Coordenação de Promoção de Direitos de Pessoas com Deficiência (Promodef), ligada à Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Beck.

Das 763 nomeações feitas pelo GDF de janeiro a julho na área da saúde, 86 (11,2%) foram vagas destinadas a pessoas com deficiência. Nas outras 76 nomeações para a segurança pública, 5 para a educação e 12 a demais setores do GDF não houve servidores com deficiência contratados.

A pedido do G1, a administração fez um levantamento, apontando que há 594 servidores concursados e 253 comissionados trabalhando para o GDF. Uma das servidoras é a assessora técnica Liane Collares, da Promodef.

Liane, de 52 anos, tem síndrome de Down e trabalha há dois meses como comissionada no órgão, na estação do Metrô da 112 Sul. Ela é responsável por triar os cem currículos recebidos por mês. Eles vêm de gente interessada em trabalhar nas cerca de 20 empresas que anunciam mensalmente vagas para pessoas com deficiência.

Na função, Liane diz que a deficiência não a impede de trabalhar. “Faço um trabalho igual ao de todo mundo. Quando tenho alguma dúvida, falo com as minhas colegas”, afirmou. “O que eu digo para as pessoas que vêm entregar currículo é que façam por elas como eu já fiz por mim.”

Para Liane, a sociedade já não é mais a mesma do período em que fez ensino fundamental. “Naquela época, as pessoas não enxergavam a gente que nascia com síndrome de Down ou tinha outras deficiências. Eu sofria preconceito na escola, mas graças a Deus nunca enfrentei isso no trabalho”, disse a mulher, que chegou a Brasília aos 12 anos. Além de Liane, há mais nove pessoas com deficiência no local de trabalho. “São bons funcionários e excelentes pessoas”, disse a servidora Lara Belmonte.

Ela acorda pontualmente às 6h40 todos os dias, e os pais dela também se envolvem na rotina. “Minha mãe é praticamente minha secretária pessoal, que me maquia e agenda meus compromissos. Já meu pai é meu motorista”, contou. “Agora com meu salário [R$ 1.617 fora benefícios], quero dar uma casa para eles, retribuindo tudo o que eu já recebi.” A mãe Marilei Collares brinca: “Cadê meus honorários?”


O coordenador da Promodef, Paulo Beck, em frente à mesa em que trabalha (Foto: Gabriel Luiz/G1)
Chefe de Liane, o coordenador Paulo Beck afirma que ainda é preciso ser criada uma cultura de acolhimento a pessoas com deficiência nos setores público e privado. “A gente tem uma demanda expressiva, uma vez que 22% da população do DF são pessoas com deficiência”, pontuou o coordenador, que também é cadeirante, citando dados da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan).


Segundo ele, foi criado um grupo de trabalho para discutir a regulamentação de leis já aprovadas sobre inclusão no mercado de trabalho. Uma das pautas é achar uma forma de chamar mais esse público para o quadro do GDF. A maior divulgação de vagas é uma possibilidade, adiantou Beck. “A gente identificou que não basta criar a reserva [em concursos públicos] e dizer que não há demanda. Está faltando publicidade dos editais e da contratação de empresas”.


Assessibilidade

O GDF informou que vários órgãos tiveram de receber pequenas adaptações para atender aos servidores com deficiência, como construção de rampas, reformas de banheiros, sinalização em braille e instalação de piso tátil. Outra medida foi lotar servidores em setores com acesso facilitado para as limitações que possuem.

Fonte: G1 

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