Festival exibe filmes adaptados para pessoas com deficiência visual e auditiva
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Evento
realizado quinzenalmente na Sala Paulo Amorim da Casa de Cultura Mario Quintana
tem entrada gratuita e segue até 3 de julho
A
Casa de Cultura Mario Quintana está promovendo uma ação pioneira nas salas de
cinema do Brasil: o 1º Festival de Cinema Acessível, que exibe até o dia 3 de
julho, com entrada gratuita, filmes nacionais adaptados às pessoas com
deficiência visual e auditiva. Na terceira edição do evento quinzenal, será apresentado
nesta sexta-feira, às 19h30min, na Sala Paulo Amorim, O Tempo e o Vento,
adaptação da obra de Érico Veríssimo dirigida por Jayme Monjardim.
Segundo
Sidnei Schames, sócio da empresa Som da Luz, realizadora do festival, uma
equipe de 26 pessoas participa do processo de adaptação dos filmes, entre eles
consultores de audiodescrição, intérpretes da Linguagem Brasileira de Sinais
(Libras), profissionais de legendagem, roteiristas, narradores, cinegrafistas,
curadores e técnicos. Nas duas primeiras exibições, ocorridas em maio, a média
de público foi de 120 pessoas, o que para Schames é um dado positivo:
— Apesar
de ser um pouco trabalhoso propiciar a acessibilidade em todas as produções,
devido aos custos e à demanda de trabalho, a resposta tem sido ótima.
Movimenta-se uma cadeia produtiva de pessoas com e sem deficiência que
elogiaram a qualidade da audiodescrição, da legendagem e da versão em Libras.
Durante
a exibição do filme Saneamento Básico, de Jorge Furtado, no dia 22 de
maio, era perceptível o envolvimento de todos na plateia, já que ouvia-se a
audiodescrição, lia-se as legendas na tela e via-se também a interpretação em
Libras. Essa inclusão emocionou a psicóloga Jenny Milner, que sentiu-se na
posição de quem possui deficiência sensorial:
— Quando
senti que todos tinham o mesmo acesso que eu ao conteúdo, percebi como aquilo,
que para mim parece pouco, para eles é muito.
O
bancário Rafael Martins dos Santos é deficiente visual e acredita na
audiodescrição como elemento essencial para a compreensão da história.
–
A audiodescrição é um instrumento novo em meio a uma orquestra que já existia
—compara ele.
A
pintora de veículos Daniele Petry e seu irmão, o montador de veículos Daniel
Petry, são deficientes auditivos e assistiram a um filme com legendagem e
Libras pela primeira vez.
— Estava
ótimo, mas achamos que a exibição deveria ser feita somente na Linguagem
Brasileira de Sinais – afirmam os irmãos, que anseiam assistir também nos
canais de televisão a conteúdo nesse formato.
Schames
justifica que a presença conjunta de legendagem e Libras permite a quem possui
baixa audição ou deficiência auditiva, mas não domina a linguagem de sinais,
sentir-se inserido na ação.
Faltam
recursos e regulamentação para que mais conteúdos sejam adaptados
Apesar
da possibilidade da isenção de impostos nas produções que propiciam
acessibilidade, são poucas as empresas que patrocinam projetos nesta área de
responsabilidade social. Segundo Sidnei Schames, sócio da empresa Som da Luz,
realizadora do Festival de Cinema Acessível, as produtoras dos filmes os
liberam para que sejam inseridas legendagem, Libras e audiodescrição. Todavia,
o custo da conversão (entre R$ 25 mil e R$ 30 mil) impede que mais produções
possam contar com esses recursos.
Três
empresas aceitaram patrocinar a primeira etapa do evento, com cinco filmes:
Banrisul, Banrisul Consórcios e a Agrofel Grão e Insumos. Porém, há necessidade
de recursos para viabilizar mais quatro, entre eles Se Eu Fosse Você e Tropa
de Elite 2.
O
objetivo da empresa Som da luz é conscientizar o setor privado da importância
da acessibilidade no cinema.
— O
processo para tornar um filme acessível exige o custeio de várias tecnologias e
de uma equipe numerosa. Não é algo que enriqueça, mas é um serviço gratificante
— conta Schames.
Para
o consultor em audiodescrição Felipe Mianes, a quantidade de filmes que recebem
incentivos fiscais do governo federal é muito superior ao número de produções
que oferecem a acessibilidade:
—
Nem todos os filmes no Exterior são totalmente acessíveis, mas no Brasil o
número é tão baixo que se torna irrisório.
A
legislação brasileira prevê, pelo Decreto 5296/2004, que traz disposições
relativas à acessibilidade nos meios de comunicação, auditórios, ginásios,
estádios, salas de cinema ou teatros, que os beneficiários de recursos
públicos, tanto exibidores quanto realizadores, devem oferecer meios
eletrônicos para legendagem ou a presença física de um intérprete de Libras.
Também
diz que cabe ao governo federal oferecer aparelhos de TV com equipamentos que propiciem
o acesso à informação a deficientes visuais e auditivos. Já os veículos de
comunicação devem oferecer o recurso de legenda oculta e janela com intérprete
de Libras em parte de sua programação. A falta de regulamentação, porém, impede
a fiscalização e a cobrança dessas determinações.
Próximas
atrações do Festival de Cinema Acessível
19 de junho — 2 Filhos de Francisco, de Breno Silveira
3 de julho — Tropa de Elite, de José Padilha.
Reservas de ingressos pelo e-mail festivalcinemaacessivel@gmail.com
3 de julho — Tropa de Elite, de José Padilha.
Reservas de ingressos pelo e-mail festivalcinemaacessivel@gmail.com
Fonte:
ZH entretenimento
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