Jovem com paralisia cerebral escreve livro e vai se formar em faculdade
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Estudante de 27 anos concluirá curso de
história em dezembro, na UEG.
Sem coordenação motora, ela digita com a ponta
do nariz, em Goianésia.
Lívia com os colegas de faculdade na UEG de Goianésia (Foto: Reprodução/TV Anhanguera) |
Cleones Barbosa leva a filha todos os dias para a universidade (Foto: Reprodução/TV Anhanguera) |
Em
entrevista ao G1, pelo Facebook, a jovem conta que chegar até o
fim do curso não foi fácil. Além de ter os movimentos do corpo limitados,
também sofreu preconceito. "Tive problemas, mas venci e hoje estou muito
feliz", comemora a estudante que escolheu a inclusão no ensino superior
como tema para a monografia.
Professora do curso
de história, Edilze de Fátima Faria elogia a aluna. "A deficiência física
não afeta a inteligência dela. Ela é muito esforçada. Ela mora longe da
universidade e vem todos os dias em uma cadeira [de rodas]. É um exemplo de
vida", diz.
"Viciada
em livros", como a própria Lívia diz, ela agora está escrevendo o seu
próprio romance. A jovem adianta que o trabalho está em fase de conclusão e
contará a história de amores platônicos. Segundo ela, a obra é baseada em fatos
reais, tanto de casos que ela tomou conhecimento quanto dela mesma. "Quem
nunca amou em segredo?", questiona.
Apoio
Para realizar o sonho de fazer um curso superior, Lívia contou com a ajuda de
algumas pessoas. O apoio principal vem da mãe, Cleones Barbosa dos Santos, de
43 anos, que desde 2009 leva a filha todos os dias para a universidade.
De segunda a sexta-feira, Cleones anda cerca de três
quilômetros a pé, no caminho de ida e volta para a UEG, empurrando a cadeira de
rodas da filha. Enquanto Lívia assiste aula, ela espera do lado de fora. Para
passar o tempo, faz bordados e crochê. Para a mãe, todo o esforço valeu a pena:
"Eu não tenho palavras para dizer o que sinto. Ela conseguiu mostrar o
valor dela".
Cleones conta que ficou grávida de Lívia aos 16 anos e parou de estudar no
terceiro ano do ensino fundamental. Mas, ao ajudar a filha, acabou aprendendo e
hoje até se expressa melhor. "Ele sempre gostou de ler e se interessou
pelos estudos. Às vezes eu copiava a tarefa para ela e fui aprendendo. Tenho
formação em ser mãe", diz. A filha retribui a dedicação da mãe: "Sem
ela seria impossível chegar onde estou hoje".
Antes da
faculdade, ela contou com o auxílio do irmão. Era Jeferson quem levava a irmã
para a escola. "Estudávamos juntos até o terceiro ano do ensino
médio", conta a universitária. Os dois tentaram o vestibular, mas só Lívia
seguiu em frente.
No ensino médio, Lívia descobriu a paixão pela história nas aulas de Valdelice
Camilo, sua grande incentivadora e também professora na UEG. Na universidade, a
estudante também destaca as aulas do professor Paulo Bernardes.
Professora de apoio
Quando Lívia conseguiu a aprovação no vestibular, o campus da UEG de Goianésia precisou fazer algumas adequações para
recebê-la. A sala de aula foi transferida do primeiro andar para o térreo a
universidade teve de contratar uma professora de apoio.
A contratação da docente especial foi a parte mais
difícil, segundo a mãe de Lívia. A jovem precisa da professora de apoio para
sentar ao lado dela e copiar o conteúdo nos dias de trabalho. "Foi um
trabalhão danado para conseguir, porque não tinha esse cargo lá. Mas a direção
conseguiu contratar uma professora de Libras e conciliar os horários para que
ela pudesse atender a Lívia", relata Cleones.
Fonte: G1