Servidores ensinam pintura em azulejos a pessoas com deficiência
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Alunos utilizam diversos materiais durante
atividade (Foto: Heloisa Gomides/ Arquivo Pessoal)
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Disponibilizar
um espaço de inclusão e ao mesmo tempo estimular a criatividade. Esse é um dos
objetivos da Oficina de Pintura em Azulejo, projeto idealizado pelos servidores
públicos Warley Resende e Heloisa Gomides. Criado há mais de dez anos na
cidade, a atividade oferece aulas de arteterapia para pessoas com deficiência
todas as segundas-feiras, das 9h às 11h, na Biblioteca Municipal.
A atividade é oferecida por meio da
Secretaria de Cultura e atende mais de 20 alunos com Síndrome de Down, autismo,
paralisia e outras deficiências. “Havia uma demanda por espaços que
estimulassem a realização de atividades para pessoas com deficiência na cidade,
então nos propusemos a ajudar e montar esse grupo. Eu tinha o conhecimento
sobre a pintura e especialização em psicopedagogia. Juntei as habilidades,
conversei com a diretoria de cultura e resolvemos possibilitar esse espaço”,
explicou o professor da turma, Warley Resende.
Durante a aula, cada aluno ganha um azulejo
e, após passarem um creme protetor, iniciam a pintura. Os materiais usados são
tinta óleo e materiais alternativos, como panos velhos, palitos de dente e Etil
Vinil Acetato (EVA). “Primeiro explico o que vou desenhar para que os alunos já
imaginem o desenho. Depois faço meu desenho na frente de todos e libero para
que cada um faça o seu”, acrescentou Warley.
De acordo com o professor, nas aulas são
usados recursos de sombra e perspectiva, além de elementos conhecidos, como
sol, céu, casa, montanhas, cachoeiras. “Procuro elementos conhecidos pela
maioria, pois não adianta propor uma arte muito difícil, que dificilmente todos
irão realizar. Não que eu duvide da capacidade dos alunos, mas tem que ser algo
alcançável por todos”, comentou.
Noemia
Junqueira é mãe da aluna Larissa, de 25 anos, que tem síndrome de down. A mãe
contou que conheceu o projeto por meio da psicóloga da filha e que no início
ficou com receio, pois a filha não gostava de sujar as mãos. Segundo Noemia,
antes de encontrar a oficina de pintura ela tentou várias alternativas em
escolas particulares da cidade.
“Segui o conselho e a Larissa adorou a aula.
Ela foi a primeira aluna com deficiência a ser atendida pelo projeto. Acredito
que a atividade melhora não só o lado criativo dos alunos, mas a coordenação
motora e tátil. Eles acabam brincando com as combinações de cores e paisagens.
Todos são muito resistentes a mudanças, mas o professor sabe coordenar bem e
tem uma resposta positiva”, ressaltou Noemia.
Para o idealizador do projeto, a atividade
procura seguir um modelo que vai de contramão à sala de aula tradicional. “O
objetivo do projeto é criar um espaço de inclusão para as pessoas com
deficiência e seus familiares. Por meio da arte, mostrar outros olhares para
esses alunos, levantar a autoestima e também trabalhar a coordenação motora.
Muitos pais relutam com a condição dos filhos e se preocupam se o filho fará um
trabalho tão bonito quanto o do colega. Mas trabalhamos com humanos diferentes
e fazer com que o aluno se sinta importante é o principal objetivo”, relatou
Warley.
Além
das aulas de pintura, a também fundadora do projeto Heloisa Gomides organiza
confraternizações com a turma em datas comemorativas. Carnaval, Páscoa, Dia das
Crianças entre outras são pretexto para reunir o pessoal. A tradição começou no
espaço de sala de aula, mas hoje é feita na casa da profissional. “É uma grande
ferramenta para os familiares perceberem os alunos além da deficiência e
aprimorar a relação interpessoal com os colegas”, disse
Warley.
Projeto
Segundo Warley, o projeto foi criado há 12 anos, mas apesar de já ter recebido
verba de governos anteriores, atualmente não faz parte do orçamento do
Executivo. Isso faz com que não haja uma projeção para que outras turmas sejam
abertas para atender a demanda. “Desde a criação do projeto, já atendemos mais
de 100 jovens e atualmente temos uma lista de espera de mais de 200 nomes. Mas
infelizmente não é possível atender todo mundo que nos procura. O justo seria
ter mais espaços públicos para desenvolvimento de atividades como essa”,
comentou.
Sentimento compartilhado por Noemia, que
sente falta de opções de atividade para a filha na cidade. “Faltam
profissionais para trabalhar com esse público aqui e de um local com estrutura
completa e integrada. Temos que pensar que muitos deles já estão acima dos 20
anos e já passaram da fase do ensino fundamental e médio. Isso faz que com
fiquem reféns a atividades de lazer variadas para não ficarem em casa dormindo
ou apenas assistindo TV. E para isso, é necessário o estímulo de outras
atividades”, finaliza a mãe.
Fonte: G1
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