O surdo que escuta o sinal Wi-Fi e "coisas que ninguém mais consegue"
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Além
de conseguir ouvir o Wireless, ele almeja acabar com a estigma da surdez
Mesmo
perdendo a audição aos 20 anos de idade, Frank Swain escuta “mais” do que
qualquer ser humano do planeta. Fazendo uso de uma tecnologia revolucionária há
algum tempo, o garoto consegue – por meio de aparelhos auditivos – ter uma vida
relativamente normal. Não bastando ser um surdo que escuta, Swain agora também
faz parte de um experimento que o permite “ouvir” sinais Wi-Fi.
As
funções “básicas” do aparelho de Swain funcionam de forma “incrivelmente
difícil”, como explica: “Diferente dos óculos – que simplesmente dão foco ao
mundo, os aparelhos auditivos digitais precisam recriar o som. Mais do que
isso, eles amplificam os sons ‘úteis’ e suprimem barulho. É uma tecnologia que
exige muita programação”.
Para
Swain, essa digitalização do som é um mundo de portas abertas, capaz de gerar
novas e interessantes experiências: “Na essência, eu escuto a interpretação de
um computador. E esse tipo de ‘curadoria digital’ me intriga. Se vou passar o
resto da vida ouvindo uma versão interpretada do mundo, quais elementos
gostaria de adicionar?”.
E
como em um filme de ficção científica, o jovem decidiu entrar em um projeto
ousado chamado ‘Nesta’ ao lado do artista sonoro Daniel Jones. Depois de muita
pesquisa, os dois conseguiram desenvolver o ‘Phantom Terrains’, um aparelho
auditivo digital capaz de captar os sons dos sinais de Wi-Fi.
“Assim
como a arquitetura de prédios conta sobre suas origens e propósitos, nós
estamos começando a entender o mundo social pela paisagem inserida na rede”,
conta Jones. Com esse trabalho, os dois conseguiram traçar endereços de casas
comuns por suas transmissões de Wi-Fi. “Descobrimos que as rotas de algumas
áreas residenciais estão totalmente inseguras”, afirma Swain.
Para
os autores, o “mundo moderno está infundido com dados”. O garoto acredita que o
projeto pode se tornar algo ainda maior: “Phantom Terrains abre as portas desse
mundo para um pequeno passo da sintonia entre todos esses campos tão
distintos”. Ele também completa: “Essa camada extra de som já está inserida no
meio das outras; já faz parte da minha paisagem sonora. Então enquanto carregar
meu celular comigo, eu sempre serei capaz de escutar o Wi-Fi”.
O
artista Jones pensa que o “maior desafio é humano”. “O grande desafio é
conseguir criar uma representação sonora do complexo mundo da rede sem obstruir
as camadas comuns já acostumadas ao ouvido humano”.
Já
Swain acredita “que apenas o tempo irá nos mostrar se a experiência foi bem
sucedida; se sim, esse será um importante passo para tirar os computadores das
caixas de vidro”. E ansioso, o jovem conclui: “Espero que um dia as pessoas
possam ouvir o barulho dos números e suas discordantes melodias.
Particularmente, eu almejo adicionar ainda mais informação nessa narrativa,
espero escutar coisas no mundo que mais ninguém consegue”.
Fonte: Revista Galileu
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