Filmes dublados privam surdos no cinema
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Manifestantes da
campanha ‘Legenda para quem não ouve, mas se emociona!’ em favor da legenda no
cinema nacional
A falta de filmes
com o idioma original e acompanhados de legenda torna as salas de cinema
praticamente inacessíveis aos deficientes auditivos, que teriam a legenda como
única opção. Segundo representantes de redes de cinemas com salas em Limeira, a
situação ocorre porque a procura por filmes dublados chega a ser de 70% em
relação aos legendados.
Professora
intérprete de alunos surdos, Fernanda Rodrigues da Silva julga como equivocada
a decisão dos cinemas, em geral, por optar por produções dubladas. “Eu mesmo
não gosto de filme dublado e já fico frustrada por não encontrar as produções
no meu gosto. Imagine os alunos que têm deficiência auditiva? Eles ficam extremamente
chateados pela atual tendência dos cinemas, pois são privados de acompanhar
filmes”, diz.
Fernanda também
alega que a lei de acessibilidade deveria ser seguida pelos cinemas, de modo a
garantir o acesso aos deficientes auditivos. Ela se refere à Lei 10.098/2000,
que traz como norma os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens a
adotar um plano de medidas técnicas, com o objetivo de permitir o uso da
linguagem de sinais ou outra subtitulação durante as atividades.
De acordo com a
coordenadora do Centro João Fischer, que atua na área de surdez, Regina Célia
Pereira, há a necessidade não apenas de manter os filmes legendados, como
também integrar uma janela de interpretação nas salas de cinema. “Desta forma,
não apenas as crianças com deficiência auditiva alfabetizadas teriam acesso aos
filmes”, diz João Fischer, há 43 surdos e apenas 30% são alfabetizados. Ela
explica que a integração de libras ajudaria a todos a terem acesso ao cinema.
“O legendado ajuda a uma parcela, mas essa ação, a de por janelas de libras,
seria ainda melhor para que eles pudessem se divertir”, explica.
SURDOS
Para os alunos de uma escola estadual de Limeira que possuem deficiência
auditiva e são alfabetizados, retirar filmes legendados do cinema é algo
negativo. Fernanda, que é professora desses estudantes, explica que uma das
maiores frustrações dos alunos foi ter lido o livro “A culpa é das estrelas” e
não conseguiram assistir ao filme, pois todas as sessões em Limeira eram
dubladas.
Para o estudante
Clismon Moreira Souza, 17, que é deficiente auditivo, há um sentimento de
revolta quando algum filme de seu interesse não tem a opção legendada. A
opinião do estudante foi obtida após a interpretação da professora, que
traduziu para a reportagem a conversa do jovem em libras. “Quando dá vontade de
ver algum filme em lançamento, vou ao cinema e vejo placa escrito dublado, fico
bravo. Olho para os ouvintes e vejo que eles podem assistir o que eles querem,
mas surdos não. Parece até que somos presos”, desabafa.
Ele ressalta que
as pessoas precisam entender que os surdos também querem assistir filmes como
os ouvintes e que isso é um direito. “E para os ouvintes, se fosse em japonês
sem legenda? Eles ficariam satisfeito?”, questiona.
Outra estudante com deficiência auditiva, Thalita Aparecida, 15, também revela que fica desapontada quando o filme não tem legenda no cinema. “O filme precisa ser legendado, eu já reclamei, mas não adianta nada. Se tem a lei, precisa obedecer, é direito do surdo”, opina.
Outra estudante com deficiência auditiva, Thalita Aparecida, 15, também revela que fica desapontada quando o filme não tem legenda no cinema. “O filme precisa ser legendado, eu já reclamei, mas não adianta nada. Se tem a lei, precisa obedecer, é direito do surdo”, opina.
CINEMAS
Supervisor do cinema da rede Arcoplex no Pátio Limeira Shopping, Osmar Caldera,
explica que a decisão (de mais filmes dublados) não depende do cinema e sim das
distribuidoras. “Elas decidem várias coisas quanto aos filmes, quanto tempo
fica em cartaz, o idioma, entre outros detalhes”, diz.
Ele explica que as
distribuidoras alegam que há mais procura por filmes dublados que legendados.
De acordo com
superintendente do Shopping Center Limeira – que conta com salas da rede
Centerplex – Alexandre Gabriel, há chance da situação mudar até o final do ano.
“O cinema fez obras de readequação nos últimos meses, com uma nova
tecnologia capaz de trazer melhorias na questão de filmes dublados ou
legendados. Isso deve ocorrer até dezembro”, diz.
O Jornal de
Limeira tentou contato com representantes da rede Centerplex por quatro dias,
mas não teve retorno.
Fonte: JL Mais e Blog Turismo Adaptado
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