Cuidador: uma profissão cada vez mais valorizada e necessária
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Em
um País com um número cada vez maior de idosos e de pessoas com
deficiência, uma ocupação se faz cada vez mais necessária: o cuidador.
No
censo de 2010, realizado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estima-se que o Brasil
possui mais de 46 milhões de pessoas com deficiência mais quase 21 milhões de
pessoas com mais de 60 anos de idade. No entanto, a atividade ainda não está
regulamentada como profissão.
Atualmente,
há um Projeto de Lei (4702/12), que regulamenta a profissão, que já foi
aprovado pelo Senado, mas
ainda tramita na Câmara dos
Deputados. Hoje, é uma ocupação reconhecida pelo Ministério do Trabalho,
por meio da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) – código 5162-10.
Amparados
pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), os cuidadores tem como função
principal o dever de zelar pelo bem-estar, tanto físico quanto emocional
do assistido.
“Este
profissional precisa estar atento a todas as necessidades da pessoa, e da sua
família. Ele é o responsável direto pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene
pessoal, educação, cultura, recreação e lazer do assistido”, explica Ana
Claudia Quaglio, gerente de operações e expansão da Home Angels, empresa
especializada em oferecer serviços de assistência para pessoas com diversas
necessidades.
Como
a profissão ainda não é regulamentada, não há a exigência legal de uma formação
para se trabalhar na área.
No
entanto, empresas e instituições que trabalham com assistência têm exigido que
os cuidadores tenham feito cursos e possuam ensino fundamental.
Ana Cláudia |
“Além
disso, os recrutadores pedem boa aparência, boa fluência verbal, cordialidade e
experiência em cuidados de pessoas”, aponta Ana Claudia.
No
entanto, existem outras características que, inegavelmente, são fundamentais
para os profissionais desta área.
“O
cuidador tem que ter equilíbrio emocional, boas condições físicas, ser
responsável, ser calmo para lidar com situações de emergência, saber ouvir,
saber agir e tomar resoluções rápidas, e buscar conhecimentos por meio de
cursos e palestras e reconhecer seu limite, buscando ajuda sempre que
necessário”, afirma Jorge Roberto Afonso de Souza Silva, presidente da Associação de Cuidadores de Idosos do
Estado de Minas Gerais (ACI-MG).
Tudo
isso para cumprir um papel muito importante, para não dizer quase fundamental,
na vida de pessoas com deficiência, idosos, ou outras pessoas que necessitam
deste tipo de serviço.
O
papel deste profissional é fundamental no dia a dia dos assistidos. “Ele
auxilia nas atividades diárias como, banho, alimentação, passeios, locomoção,
hidratação. No entanto, é bom reforçar que o bom cuidador faz apenas aquilo que
a pessoa, realmente, não tem condições de fazer sozinha. O cuidador deve
estimular a independência da pessoa assistida”, reforça Jorge Roberto.
Ana
Claudia também acredita que o cuidador deve ter o dom de entender e perceber
como o assistido é, como ele se mostra, quais são seus gestos e falas, sua dor
e limitações.
“Percebendo
isso, o cuidador tem condições de desempenhar sua função de forma
individualizada, levando em consideração as particularidades e necessidades da
pessoa a ser cuidada. Há que se levar em conta as questões emocionais, a
história de vida, os sentimentos e emoções da pessoa”, aponta Ana Claudia.
E
são essas questões que mais marcam a vida pessoal e profissional de muitos
cuidadores.
Joana D´Arc Moreira de Assis |
É
isso que nos contaram duas cuidadoras: Juliana Cristina de Barros Gonçalves e
Joana D´Arc Moreira de Assis.
“Escolhi
ser cuidadora porque gosto de trabalhar com gente e exercitar o lado mais
humano. É preciso gostar muito de atuar com pessoas, ter muita paciência.
Alguns idosos já estão fora da realidade e nem conseguem se expressar direito,
o que dificulta nosso trabalho. Trabalhar com pessoas com deficiência,
geralmente, é mais fácil que com idosos”, conta Juliana Cristina
Gonçalves.
Já
Joana D´Arc escolheu ser cuidadora quando sua mãe faleceu. “Desde menina, eu
gosto de conversar com pessoas mais velhas.
Depois
que minha mãe morreu, acabei me separando e passei a cuidar de uma senhora. Foi
assim que vi que eu, realmente, gosto de ser cuidadora. Isso já faz 13 anos”,
lembra Joana D´Arc de Assis.
Ambas
são encantadas pela profissão que escolheram. Cristina diz que é grata por
poder proporcionar para alguém aquilo que gostaria de receber, quando for mais
velha: bons cuidados.
No
entanto, afirma que não tem como não se emocionar e envolver com as várias
histórias que conhece, principalmente de seus assistidos. “Principalmente,
quando essas pessoas nos deixam”, diz. Joana também se emociona com essas
perdas.
“São
muitas histórias marcantes. Todos marcam de uma forma diferente. Mas, uma
marcou mais. Perdi um assistido bem na minha frente. Tive que viajar durante um
tempo para depois poder retomar minha vida. Mas é uma profissão gratificante e
traz muitos aprendizados. Nós pensamos que sabemos tudo, mas são eles que nos
ensinam muito, de diversas formas, principalmente, na emocional. Tive sorte de atuar
com pessoas muito carinhosas”, orgulha-se Joana.
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