Serviço de audiodescrição emociona torcedores cegos em jogos da copa
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Uma
Copa do Mundo é feita de vários ingredientes. Dentro de campo, a emoção se faz
com dribles, defesas, passes e, principalmente, gols. Fora do gramado, há um
espetáculo de cores e sons composto por camisas das seleções, rostos e unhas
pintados, cornetas, celulares registrando tudo e um clima de alegria que só
quem vai a um estádio em um Mundial consegue entender.
Mas no jogo entre Suíça e Equador, no domingo (15/6), havia um
ingrediente especial: um serviço que atende pessoas com deficiência visual,
narrando os lances das partidas ao vivo. Apenas Brasília e outras três das 12
cidades-sede foram escolhidas para oferecer inovação durante os jogos do
Mundial.
Foi
um jogo diferente para três torcedores que não chamavam tanta atenção, pois
estavam discretamente vestidos e não usavam acessórios extravagantes. Havia
68.351 que foram ver de perto a partida entre Suíça e Equador. Dentro de campo,
o placar registrou 2 a 1 para a seleção europeia. Eles eram presenças mais do
que especiais na arena brasiliense: foram os primeiros a experimentar a
narração audiodescritiva, inaugurado no jogo de estreia da cidade no Mundial.
O
projeto, que conta com 16 voluntários treinados para narrar os lances das
partidas em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, utiliza uma
aparelhagem semelhantes à dos rádios e fones para transmitir aos usuários. Os
equipamentos foram adquiridos e doados pela FIFA às capitais, que terão o
serviço como legado da Copa.
Emoção
sem igual – Sentados atrás do gol do Equador no primeiro tempo, o brasiliense
José Aurélio Oliveira, 48 anos, o mineiro Joaquim Fabiano Braga, 62, e o
cearense Nilson Cordeiro dos Santos, 45, não escondiam a felicidade. E
certamente sentiram uma energia muito positiva quando, aos 11 minutos de jogo,
a primeira "ôla" da Copa do Mundo em Brasília percorreu as
arquibancadas, levando consigo um som contagiante por onde passou.
Com
um fone de ouvido a lhe guiar a imaginação, José Aurélio, um santista que
perdeu a visão há cinco anos devido a complicações geradas pela diabetes,
voltava a um estádio pela primeira vez desde então. "Estou muito feliz por
participar de um evento como esse, uma Copa do Mundo no Brasil", disse o
brasiliense, ao fazer uma descrição perfeita do ambiente a sua volta:
"Pelo o que eu acompanhei, o estádio está lotado e muito colorido com
torcedores da Suíça, do Equador e também com muitos brasileiros, que, tenho a
impressão, devem ser mais numerosos do que os dos dois times".
Com
deficiência visual desde que nasceu, Joaquim Braga considera a narração uma
oportunidade única para aqueles que, como ele, se sintam parte de um jogo de
futebol. "Eu me sinto mais integrado com as pessoas que enxergam. O
projeto é muito bem-vindo", ressaltou. Nilson dos Santos, que perdeu parte
da visão após sofrer uma alergia a um medicamento aos cinco anos, também
aprovou a iniciativa: "Estou muito feliz por estar aqui".
Prazer
em ajudar - A emoção não tomou conta apenas de quem ouvia a transmissão. Os
narradores, que precisam estar atentos não somente aos lances da partida, mas
também a itens como linguagem corporal, entorno e o ambiente, compartilharam a
alegria durante os 90 minutos de jogo. Os estudantes de jornalismo Pedro Paulo
Borges e Ana Freire voltaram para casa com um sentimento de muita felicidade
após a experiência no Mané.
"Estava
um pouco nervoso no começo, com alguma ansiedade, mas no final tudo acabou
dando certo. Ter narrado três gols de uma Copa do Mundo foi algo muito especial
para mim. Somos os olhos deles no estádio e nosso desafio é passar tudo o que
acontece na partida com mais detalhes possível", afirmou Pedro Paulo.
Selecionados em universidades, os voluntários foram escolhidos conforme
requisitos como: perfil em áreas como esporte e deficiência visual, além de
olhar apurado para aspectos visuais de uma partida de futebol.
Fontes:
Brasília na Copa e Blog APNEN Nova Odessa
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