Jovem que testou exoesqueleto sonha em ir a Paralimpíada
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O atleta Juliano Alves Pinto, 29 anos, que testou
o exoesqueleto na cerimônia de abertura da Copa do Mundo no estádio do
Maracanã, tem um sonho que quer tornar realidade: participar de uma
Paraolimpíada em sua modalidade, a corrida em cadeira de rodas. Ele compete nos
100, 200 e 400 metros.
Juliano mora em Gália (interior de São Paulo) e
ficou paraplégico há sete anos depois de sofrer um acidente de carro que
provocou lesão medular e fraturas na coluna toráxica. Há dois anos ele se
tornou atleta da Associação Mariliense de Esportes Inclusivos (Amei) e viaja 53
quilômetros de Galia a Marília de duas a quatro vezes por semana para treinar.
O atleta conta que fez parte do grupo de testes do
projeto do exoesqueleto desde janeiro, através da Associação de Assistência à
Criança Deficiente (AACD), entidade onde ele recebe tratamento médico desde que
ficou paraplégico. Para Juliano, o projeto liderado pelo neurocientista
brasileiro Miguel Nicolelis é uma esperança para pessoas como ele que sonham
retomar os movimentos das pernas.“Participaram dos treinamentos para o exoesqueleto
oito pacientes no total. Apenas faltando quatro dias para abertura da copa eu
soube que eu fui o escolhido. Fiquei muito feliz em participar desse projeto,
representando amigos e pessoas do mundo todo que têm esperança na ciência para
uma melhora”, disse. Juliano acredita que quanto maior o apoio para projetos
científicos como esse, os pacientes paraplégicos poderão ser mais rapidamente
beneficiados.
Para o professor e coordenador técnico da Amei,
Celso Parolisi Filho, Juliano é um atleta que tem grande potencial e um futuro
promissor em sua modalidade. Atualmente Juliano está participando dos Jogos
Regionais na cidade de Osvaldo Cruz e vem obtendo bons resultados em competições
em todo Estado. “Hoje ele está entre os oito melhores do Brasil nas provas de
velocidade em cadeira de rodas. Juliano se encontrou no esporte, evoluiu
muito”, disse.
Divisor de Águas
O neurocientista Miguel Nicolelis, que liderou o projeto “Andar de Novo” falou
ao Terra por telefone que o exoesqueleto serviu como um
divisor de águas nos estudos sobre paralisia. “Foi o primeiro passo para
continuarmos investindo nessa área e pudemos demonstrar que é possível. Esse
trabalho vai estimular outros países a investir e continuarmos pesquisando e
trabalhando”, disse.
Sobre as críticas de que a demonstração do
exoesqueleto foi transmitida por apenas alguns segundos durante a abertura da
Copa, Miguel Nicolelis disse que também ficou surpreso com o pouco tempo mas
que mesmo assim teve grande repercussão e foi possível mostrar para o mundo que
o Brasil também faz ciência.
“Ficamos felizes com o resultado porque despertou
curiosidade, recebi centenas de mensagens de crianças que com isso passam a se
interessar por ciência. O que queremos é dar continuidade a essa pesquisa que
dá esperança para muita gente”, disse o neurocientista.
O que é o exoesqueleto
O projeto Andar de Novo tem como objetivo fazer com que pessoas com paralisia
possam movimentar os membros inferiores usando um exoesqueleto comandado por
atividade cerebral por meio de uma tecnologia de interface cérebro-máquina.
É uma tecnologia que possibilita a troca de sinais
entre o cérebro e um equipamento robótico, no caso do Projeto Andar de Novo, um
exoesqueleto. O mecanismo captura os sinais elétricos dos neurônios
responsáveis pelo controle motor e faz a leitura e interpretação destes sinais
de forma a acionar o exoesqueleto e permitir que o paciente faça movimentos
como andar ou chutar uma bola.
O projeto é desenvolvido por um consórcio
internacional, liderado no Brasil pelo Instituto Internacional de Neurociências
de Natal – Edmond e Lily Safra (IINN-ELS) e contando com a parceria da AACD. A
Finep-Financiadora de Projetos, empresa pública vinculada ao Ministério da
Ciência e Tecnologia, financia a fase de testes clínicos do projeto, que também
contou com o patrocínio do Itaú Unibanco.
Fonte: Terra e Blog Ser Lesado
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