Cadeirantes fajutos

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Por Jairo Marques (jornalista da Folha de S. Paulo)

Exemplo de imagem com suposta “cadeirante fajuta” 
que circula pelas redes sociais.
Pipocam nas redes sociais imagens de supostos larápios que compraram ingressos para Copa se passando por pessoas com deficiências e tendo o direito de ficar em lugares com visão bacana dos estádios.

Os flagrantes mostram os supostos cadeirantes fajutos em pé, o que demonstraria que eles não precisariam daqueles espaços, que são falsários, aproveitadores, crápulas e tudo mais.
Já li até que a polícia vai investigar as imagens do que estão sendo considerados “milagres do Mundial”. Bem, antes de descascar a melancia nessas pessoas, é preciso fazer algumas considerações:

- Nem toda pessoa que precisa de uma cadeira de rodas está totalmente impossibilitada de ficar em pé. Há deficiências que não permitem a marcha, por exemplo, e a pessoa tem a cadeira como um suporte.

- Pessoas em recuperação de um pé quebrado, de uma perna em frangalhos podem fazer uso de cadeiras de rodas e podem ficar em pé.

- Pessoas com órteses que dão sustentação aos membros inferiores podem usar cadeiras de rodas e podem também ficar em pé.

Sim, mesmo com todas essas considerações preciso admitir que haja reais aproveitadores na turma, por mais que me doa “as partes” imaginar o seguinte roteiro:

Primeiro, a pessoa mentiu uma condição física para comprar o ingresso, depois, ela deu um jeito de arrumar uma cadeira de rodas, em seguida, ela passou por uma revista e pelos olhares dos fiscais numa boa para manter a sua mentira…

Exemplo de imagem com suposta “cadeirante fajuta” que circula pelas redes sociais.

É possível tudo isso?

É triste imaginar que sim. É triste, a partir de agora, uma pessoa com uma necessidade legítima de um lugar com características diferentes seja olhada torto devido á ação nojenta de gente indigna de receber o título de “civilizada”.

Quando se grita pelos flagrantes desrespeitos aos direitos do povo “malacabado” está se externando a discussão de ampliar a visibilidade e as informações sobre as diferenças.

Os cadeirantes fajutos são fruto de uma sociedade que dá as costas para pressionar com vigor por mais educação, por mais respeito à diversidade, por mais cidadania.

Todas as vezes que eu preciso provar que sou do time dos quebrados, me apoquento, fico #xatiado e considero o fim do mundo. Seria desnecessário medidas assim, caso o ser humano fosse um tiquinho menos egoísta, tivesse mais consciência sobre demandas dos outros.

Mais do que a polícia descobrir se esses torcedores desonraram milhares de pessoas com deficiência e a Justiça condená-las por falsidade ideológica (seria isso, amigos juristas?), é chance de todos os brasileiros refletirem sobre a carência de contato e conhecimento básico em relação às diferenças físicas.

Aos cadeirantes, também fica a reflexão de que a percepção de que “não se usa” a vaga determinada, o ingresso reservado, o emprego da cota está ganhando terreno e fomentando, cada vez mais, o oportunismo.

Dessa maneira, temos de enfrentar com o “carão” e com a coragem todas as flagrantes adversidades desse país para que larápios não se achem no direito de nos atropelar.. mais uma vez.

Fontes: Blog Assim Como Você e APNEN Nova Odessa

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