Esportes reintegram deficientes visuais no Instituto dos Cegos da PB
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Pádua mostra bolas do futebol de 5 (esquerda) e de goalball, ambas com guizos para que os atletas possam saber onde está a bola; troféus são de conquistas no goalball (Foto: Krystine Carneiro/G1 |
Marquinhos faz parte da Seleção
Brasileira de Futebol de 5 e já foi usuário do Instituto dos Cegos da Paraíba
(Foto: Mike Ronchi/CPB)Esportes como goalball, futebol de 5, atletismo e
natação são usados para a reabilitação e inclusão dos deficientes visuais na
Paraíba. As atividades são desenvolvidas no Instituto dos Cegos da Paraíba
Adalgisa Cunha (ICPAC), que completa 70 anos de funcionamento nesta sexta-feira
(16).
Segundo o professor de futebol de 5,
Antônio de Pádua, o esporte dá aos usuários do instituto a oportunidade de se
distraírem, mas também de se tornarem atletas de ponta. “O esporte grandifica
muito e ajuda muito a criança. Os meninos daqui são feras”, comentou o
professor.
Pádua lembra que três meninos que já
passaram pelo Instituto dos Cegos hoje são destaques nacionais no esporte. “Zé
Roberto, que hoje é professor de história daqui do instituto, também é da
Seleção Brasileira de Goalball. Também temos Marquinhos e Severino Gabriel, o
Bill, que integram a Seleção Brasileira de Futebol de 5”, explicou.
O Instituto também dispõe de aulas de
educação física, fruto de uma parceria com um professor de judô e de uma
academia formada com equipamentos doados. “Eles são preparados para o esporte e
também para a vida em si”, garantiu o professor, que já foi técnico da Seleção
Brasileira de Futebol de 5 e conquistou o ouro nas paralimpíadas de Atenas, em
2004, e Pequim, em 2008.
Zé Roberto também passou pelo Instituto dos Cegos e hoje faz parte da Seleção Brasileira de Goalball (Foto: Mike Ronchi/CPB) |
No goalball, cada time joga com três
jogadores e todos usam vendas nos olhos. Segundo o Comitê Paralímpico
Brasileiro (CPB), a quadra tem as mesmas dimensões da de vôlei e as partidas
duram 20 minutos. De cada lado da quadra tem um gol com nove metros de largura
e 1,2 de altura. Os atletas são, ao mesmo tempo, arremessadores e defensores. O
arremesso, com as mãos, deve ser rasteiro e o objetivo é balançar a rede
adversária.
A bola possui um guizo em seu
interior, que emite sons para que os jogadores saibam sua direção. O goalball é
um esporte baseado nas percepções tátil e auditiva e, por isso, não pode haver
barulho no ginásio durante a partida, exceto no momento entre o gol e o
reinício do jogo.
No futebol de 5, as partidas
normalmente são disputadas em uma quadra de futsal adaptada, mas desde os Jogos
Paralímpicos de Atenas também têm sido praticadas em campos de grama sintética.
O goleiro tem visão total e não pode ter participado de competições oficiais da
Fifa nos últimos cinco anos.
De acordo com a CPB, junto às linhas
laterais são colocadas bandas que impedem que a bola saia do campo. Cada time é
formado por cinco jogadores, sendo um goleiro e quatro na linha. Assim como no
goalball, as partidas são silenciosas e a bola tem guizos para orientar os
atletas, que usam vendas nos olhos.
Há um guia, o chamador, que fica atrás
do gol, para orientar os jogadores, e que diz onde devem se posicionar em campo
e para onde devem chutar. O jogo tem dois tempos de 25 minutos e intervalo de
10 minutos.
Música
Além do esporte, a música também é
utilizada como método de reabilitação e inclusão de cegos. O instituto oferece
aulas de iniciação musical, violão, teclado, canto, flauta, percussão e até
danças populares como xaxado e ciranda. As aulas acontecem de segunda a
sexta-feira e o local está se preparando para funcionar como um ponto de
cultura em João Pessoa.
No local, são atendidas pessoas de 3 a
60 anos, tanto para preparar futuros músicos quanto para usar a música de forma
terapêutica. “A música exerce uma influência muito maior nas pessoas cegas, que
têm os ouvidos mais apurados. Eles têm uma sensibilidade musical e uma memória
auditiva muito grande”, explicou o professor Marco Lima.
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