Tragédia que virou exemplo de superação

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Rio – ‘Queria coçar minha testa, mas até para fazer isso precisava de alguém”, relembra Camila Magalhães, 27 anos, que ficou tetraplégica aos 12, após ser atingida por uma bala perdida quando voltava da escola em Vila Isabel, em 1998. Hoje, 15 anos depois do acidente, contrariando todas as previsões dos médicos — na época disseram que ela não recuperaria os movimentos —, Camila tirou carteira de motorista, dirige sozinha, fez faculdade e passou em dois concursos. A única coisa que não mudou na vida da jovem foi a morosidade da Justiça.

Em 15 anos, hoje é a segunda vez que ela vai ao Tribunal de Justiça para audiência na 45ª Vara Cível contra a Associação de Lojistas de Vila Isabel. Camila foi atingida numa troca de tiros entre seguranças do comércio do bairro e bandidos que assaltaram uma joalheria. A bala entrou pelo pescoço e alojou-se na coluna. Ela não mexia nada do pescoço para baixo e assim viveu anos passando por longos e dolorosos tratamentos. Só na Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR) ela ficou um ano internada. “Tinha que ficar inclinada na cadeira e me dava tonturas. Comia pela sonda e chorava. Muitas vezes pensei em desistir ”, lembra.

A vontade de vencer era tanta que Camila e a mãe, Anna Lúcia Magalhães, contrariavam recomendações médicas. “Eu pesquisava e mesmo o que diziam, que não precisava fazer porque ela não sairia dessa, nós fazíamos”, conta. “Tem que ter determinação”, aconselha. E foi isso que transformou Camila numa mulher sorridente e que mexe as mãos o tempo todo enquanto fala, função que também perdeu quando foi baleada.

Sem dinheiro para custear o tratamento — por mês, ela gasta cerca de R$ 3 mil —, Camila fez concurso para a Comissão de Valores Imobiliário (CVM), onde é agente executiva, e se prepara para fazer outro, desse vez para nível superior. Formou-se em Ciências Sociais pela PUC-Rio e fez MBA em Auditoria Fiscal, tudo graças às bolsas que ganhou. “Amigos e a família me ajudaram a vencer.”

Dinheiro será usado para tratamento


A audiência de hoje é referente a apenas um dos três processos que Camila tem na Justiça, em que luta para receber a indenização. O dinheiro será usado para pagar os custos de seu tratamento no exterior — ela já se tratou em Portugal e também na Itália e espera buscar ajuda médica agora nos Estados Unidos, se ganhar a ação.


“Todas as possibilidades aqui no Brasil já foram esgotadas. E só consegui esse progresso na minha recuperação porque fizeram campanhas e tive ajuda de empresários e pessoas que se sensibilizaram com minha causa. O bandido que provocou o tiroteio já foi até solto e ainda esperamos por Justiça”, reclama Camila.

A jovem recebeu, de tutela antecipada, R$ 120 mil do estado logo após o acidente. O dinheiro foi usado para iniciar o tratamento na Alemanha, onde ela e a mãe conseguiram ir apenas duas vezes. “Mas quando a gente converte esse dinheiro em dólar ou euro não fica quase nada para pagar as despesas no exterior. Espero amanhã (hoje) um parecer favorável”, disse Anna


Fonte: O Dia Rio

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