Acessibilidade Gourmet – um retrato dos problemas enfrentados pelos deficientes em restaurantes

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Ausência de cardápios em Braile, banheiros não adaptados e falta de intérprete de Libras são alguns dos problemas enfrentados nos restaurantes


Acessibilidade Gourmet é uma revista que aborda a situação dos restaurantes de Brasília, localizados nas Asas Sul e Norte, em relação à acessibilidade para pessoas com deficiência. O produto envolve os aspectos legais, psicológicos e sociais, além de um guia de serviço, com indicação dos restaurantes mais acessíveis das Asas. Também são apresentadas as dificuldades e expectativas das pessoas com deficiência para frequentar esses estabelecimentos.

O Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2000 aponta que 336.292 mil pessoas com deficiência vivem no Distrito Federal. A quantidade representa então, a importância de abordar o tema da acessibilidade. A revisa Acessibilidade Gourmet pesquisou o âmbito do entretenimento, pois acredita que todos os locais devem oferecer facilidade de acesso aos clientes com deficiência. Pesquisa feita pela reportagem, mostrou que 68,93% dos estabelecimentos não são acessíveis. Apenas 32% têm algum tipo de acessibilidade, como cardápio em braile, garçom fluente em Língua de Sinais Brasileira (LIBRAS) e banheiros adaptados.

O direito de acesso à esses espaços, assim como, a obrigatoriedade dos restaurantes serem adaptados é garantido pelas leis. A começar pela Constituição Federal de 1988, que garante o direito à cidadania e à dignidade da pessoa humana. O artigo 5º diz “que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Além da Constituição, as pessoas com deficiência são protegidas por legislações específicas que garantem seus direitos na sociedade, como as que exigem o uso do cardápio em braile, garçom fluente em Língua de Sinais Brasileira (Libras), banheiros e espaços adaptados.

Esses direitos para os deficientes são expressos, no espaço, pela garantia da mobilidade, viabilizada pelos diferentes meios de acessibilidade. Em palavras simples, esse conceito é permitir que as pessoas com deficiência tenham acesso fácil a todos os locais. É um direito do cadeirante frequentar um bar ou restaurante com banheiro adaptado. É exemplo de acessibilidade um cego escolher sua própria refeição por meio do cardápio em braile, previsto na legislação do Distrito Federal. É,também, direito do deficiente auditivo ter uma comunicação fluente dentro dos estabelecimentos, seja por meio da linguagem de sinais, seja por meio dos cardápios ilustrativo.

Embora as legislações assegurem o direito das pessoas com deficiência, muitos restaurantes ainda não cumprem as normas. Para fiscalizar essas ações, alguns órgãos atuam diretamente para exigir a regulamentação. É o caso do Instituto de Defesa do Consumidor do Distrito Federal(Procon-DF), que fiscaliza a questão do cardápio em braile e da Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis), que fiscaliza as obras e o cumprimento das normas urbanísticas e arquitetônicas.

Mas o que dizem os deficientes?

Em entrevista à reportagem, as entidades de apoio aos deficientes afirmaram que a dificuldade de acesso aos restaurantes começa antes da entrada, como no estacionamento. Dentro do espaço os problemas são a ausência de piso tátil, de textos em braile e de intérpretes em Libras. Associações declaram que iniciativas do governo, dos empresários e da própria sociedade poderiam colaborar para tornar os espaços adequados para pessoas com deficiência.

As pessoas com deficiência confirmam: não há acessibilidade. Os deficientes auditivos, visuais e físicos que visitaram estabelecimentos com a reportagem, vivenciaram dificuldades, problemas de comunicação e desrespeito às leis. Com a experiência vivida, a revista mostra que existe em comum a boa vontade. Garçons, funcionários e gerentes se esforçam para oferecer um bom atendimento. No entanto, os clientes dizem que é preciso ir além do esforço. Eles querem autonomia, tratamento igual e sem preconceitos.

A gestora de recursos humanos do Instituto Cultural, Educacional e Profissionalizante das Pessoas com Deficiência no Brasil (ICEP) e psicóloga, Ângela Cezar Almeida conversou com a revista e afirmou que as pessoas com deficiência são condenadas pela sociedade à inutilidade social. Ela ressalta que é fundamental que os restaurantes devem entender os deficientes como clientes potenciais, que não são atendidas pela falta de acessibilidade.

Já para um dos autores do livro “Deficiência e Discriminação”, o assistente social e doutorando em Sociologia, Wederson Rufino dos Santos, explica em entrevista concedida à reportagem, que a sociedade ainda resiste em aceitar a diversidade corporal, e que por isso, os deficientes sofrem exclusão e discriminação.

Projeto


Acessibilidade Gourmet é uma edição especial produzida como trabalho de conclusão do curso de jornalismo. Contou com a parceria da gráfica Gravo Papers para impressão de mil exemplares.

Acesse:
http://www.acessibilidadegourmet.blogspot.com

Fonte: Conexão Brasília Maranhão e Blog Turismo Adaptado

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2 comentários:

  1. Carminda A.M.Marçal30 de abril de 2014 às 00:55

    Olá! Achei super legal a matéria com o título "Acessibilidade Gourmet", mas como sempre, fica uma tristeza enorme, em perceber como os surdos são generalizados e assim, acabam sendo prejudicados como cidadão de direitos. Concordo plenamente com a necessidade de pessoas que saibam se comunicar em LIBRAS p/ atendimento à este público. Mas, fica a pergunta: E para àqueles que são surdos, mas falam, ou seja, são oralizados, usam aparelhos auditivos ou implante coclear ou mesmo nada disso, mas fazem leitura labial?
    Infelizmente as pessoas, mesmo as que estão neste segmento, tratando de deficiências, esquecem desse detalhe, dessa diferença. Sou def. auditiva ou surda, como queiram chamar. Uso implante coclear, falo, escuto , mas preciso de apoio complementando com leitura labial. Dessa forma, há muitos detalhes que devem ser lembrados, vistos, trabalhados e expostos e com a devida orientação aos que trabalham com atendimento ao público, seja onde for para que também saibam atender o surdo oralizado, que não usa LIBRAS, mas fala e faz leitura labial. fica aqui, apenas um lembrete na esperança de seja dada a devida atenção para esse fato. Abraços,

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    1. Obrigada pelo comentário, concordo com vc, deve ser usado e ensinado todas as formas de comunicação.
      Att,

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