Vôo adaptado de balão leva pessoas com deficiência pelos céus de Minas Gerais
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Quando
criança, ao ver balões nos céus de São Paulo nos dias e noites de festas
juninas, eu me imaginava lá em cima com eles, vendo tudo do alto, sentindo a
leveza de ser levado pelo vento e até mesmo sendo recebido pelas pessoas na
hora do pouso.
Finalmente
esse dia chegou! Domingo, 23 de fevereiro de 2014, consegui tornar esse sonho
realidade, não só pra mim, mas também para Telma, sua mãe Terezinha, seu irmão
Felipe e mais um amigo, o Guilherme.
Foram
várias as tentativas de conseguir alguém com boa vontade e disposição a tornar
o voo adaptado, acessível e seguro, já que temos necessidades diferentes das
pessoas sem deficiência física. Recebemos alguns “nãos” até que encontramos o
Glauco, da empresa byBrazil
Balonismo, que abraçou a ideia com muita empolgação.
Depois de
alguns contatos por telefone e e-mail, conseguimos montar esse grupo de cinco
pessoas, preenchemos alguns formulários com nossos dados, incluindo o peso de
cada um para fazer a distribuição dos passageiros fazendo o cesto ficar
equilibrado. Marcamos o local, dia e horário para nos encontrarmos: Água do
Treme Lake Resort em Inhaúma, MG, 23 de fevereiro de 2014 às 5h da madrugada.
Graças ao roteiro que nos foi passado pelo Glauco e pelo mapa do Google
conseguimos chegar lá em cima do horário! Saímos de casa às 3h30min em dois
carros: Felipe e Guilherme foram na frente por conhecerem melhor a região. Eu,
Telma e Terezinha fomos seguindo com o nosso carro.
Na chegada
recebemos um pequeno lanche. Após, orientações sobre o voo e como deveríamos
nos comportar durante o passeio. Fomos apresentados à equipe de balonistas e
aos profissionais que iriam filmar e fotografar a aventura para divulgação da
byBrazil Balonismo. Elke e Marcelo voaram conosco e outro membro da
equipe 7 1/2 Filmes ficou
com o pessoal da equipe de apoio terrestre. Essa turma acompanha o balão pelo
solo, comunicando-se através de rádio com o piloto, sendo encarregada de
recuperar e transportar o balão e todo o equipamento e levar os passageiros de
volta ao ponto de partida.
Glauco fez
uma adaptação improvisada, porém sem deixar de lado a segurança e as condições
para que eu pudesse apreciar a paisagem tanto quanto as pessoas que estavam em
pé. Colocou um tablado de madeira dentro do cesto de vime e sobre ele uma
cadeira de escritório, que foi firmemente fixada; assim, mesmo sentado fiquei
em altura adequada em relação à borda co cesto. Ainda, foram usados dois cintos
de segurança para assegurar que não houvesse qualquer acidente na hora do
pouso.
Tudo
perfeito! Nada de vento, céu limpo e sem nenhuma previsão de chuva ou fortes
ventos. O balão começa a ser inflado com ventilador pelo piloto Enrico Dias,
que é habilitado pela ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil para pilotar
balões de ar quente. Entramos dentro do balão tomando os devidos cuidados para
não causar nenhum dano ao tecido: quem anda teve que tirar os sapatos, Telma
entrou usando suas bengalas, botas e órtese seguindo um membro da equipe que
foi orientando onde pisar e eu fui carregado na minha cadeira de rodas até o
centro do balão para as tradicionais fotos. Saímos do balão e agora é a vez de
aquecer o ar com os maçaricos.
Depois de o
balão estar completamente inflado é chegada a hora de entrarmos no cesto. Eu
fui literalmente carregado e colocado na cadeira especialmente preparada. Telma
também precisou da ajuda de braços fortes, os outros passageiros entraram sem
muita dificuldade. Todos a postos, abre-se o gás, as chamas dos maçaricos
aquecem ainda mais o ar dentro do balão até que começamos a flutuar. A corda de
segurança é solta e alçamos voo de forma muito suave. Praticamente nem se
percebe que estamos subindo. Novos horizontes e sensações vão surgindo: o sol
nascendo, lagos, montanhas, plantações, gados, pássaros, riachos, fazendas,
diferentes tons de verde das matas e plantações, formatos curiosos de lagos, a
sombra do balão na mata, o som e o calor que vêm do maçarico, diferentes
correntes de ar que nos levam a diferentes direções, as técnicas de voo, as
caras de felicidade dos passageiros… tudo é extremamente gostoso de se
apreciar. É pura contemplação!
Chegamos à velocidade
máxima de 16 Km/h e pouco mais de 300 metros de altura. A velocidade e a
direção é a mesma do vento e varia de acordo com a altura. Para encontrar a
direção que se pretende seguir deve-se encontrar a altura em que o vento está
soprando e manter o balão ali até decidir pousar. O tempo de voo depende da
quantidade de gás utilizada mais uma margem de segurança para qualquer
eventualidade, como passar por cima de redes elétricas, árvores, matas mais
densas ou qualquer outra coisa que possa atrapalhar a segurança do pouso.
Pousamos
tranquilamente em um gramado ao lado de uma plantação de milhos. A descida foi
acelerada com a abertura do topo do balão para a saída de um pouco do ar quente
e não corrermos o risco de pegar uma corrente de ar em sentido contrário. Pouco
antes de chegar ao solo, abre-se o gás para aquecer novamente o ar e frear a
descida até tocar o chão o mais suave possível. Depois de poucos segundos,
Enrico pede ao Felipe para descer do cesto e puxar a corda que está presa ao
topo do balão e ajudar a tombá-lo no gramado. Pronto! Agora todos estamos
liberados para desembarcar com segurança! Fizemos um brinde com espumante,
tradição desde o primeiro voo de balão tripulado. Vimos a equipe de apoio
chegando pela estradinha de terra, Glauco comemora conosco e fica muito
satisfeito ao ver a felicidade estampada em nossos rostos, afinal, o desafio de
tornar o voo de balão acessível foi superado e as portas estão abertas a todas
as pessoas, incluindo as com deficiência.
Voltamos ao
ponto de partida, onde uma farta mesa de café nos esperava. Hora de
confraternização, troca de impressões e a certeza de que esses momentos jamais
serão esquecidos.
Fonte: BH
Legal e Turismo Adaptado
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