Quase um quinto dos brasileiros tem algum tipo de deficiência visual
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A
deficiência que mais frequentemente afeta o brasileiro é a visual: mais de 35
milhões de pessoas (19% da população) tem alguma dificuldade em enxergar e
aproximadamente 500 mil tem o diagnóstico de cegueira, segundo o último
levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Porém, essa
verdadeira tragédia na área de saúde pública poderia ser evitada, afirma o
oftalmologista Fabrício Witzel, médico do departamento de oftalmologia do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina USP. No Dia Nacional do Cego,
dia 13 de Dezembro, o médico lembra que as causas mais frequentes de cegueira
no Brasil podem ser evitadas.
“As
principais causas de cegueira são o glaucoma, catarata, diabetes e a
degeneração macular relacionada à idade. Muitas vezes, o brasileiro apenas
procura o oftalmologista quando essas doenças estão muito avançadas: neste
ponto, infelizmente pode ser tarde demais”, analisa.
Principais
doenças
O glaucoma causa cegueira irreversível através do aumento da pressão intraocular na maioria dos casos. Essa doença induz a destruição gradativa e irreversível do nervo óptico, podendo ser controlado (se diagnosticado precocemente) através do uso de medicamentos que agem nos olhos, diminuindo a produção ou aumentando a drenagem do humor aquoso.
“Por se
tratar de uma doença silenciosa, o paciente só nota a diminuição visual no
final do quadro, quando o dano já é muito significativo”, informa Dr. Witzel.
Pode ser diagnosticado em uma consulta com o oftalmologista através da medida
da pressão ocular e avaliação do fundo de olho. A partir dos 40 anos o risco é
maior, principalmente para quem tem histórico familiar desta patologia.
Outra causa
de cegueira muitas vezes irreversível é a retinopatia diabética, ocasionada
pelo não tratamento do diabetes. Inicialmente, ela pode causar uma sutil
alteração de grau dos óculos, porém, a doença pode evoluir rapidamente para
sangramentos dos vasos da retina, provocando visão borrada, e cegueira. Também
pode levar a um quadro do glaucoma.
“Há três
tipos de tratamento: cirurgia, laser e injeções. Todas estas opções interrompem
a evolução da perda de visão, podendo até reverter a situação em alguns casos.
Em estágios mais avançados da doença, pouco se pode fazer”, afirma o
oftalmologista . O controle da glicemia e a consulta periódica ao
oftalmologista podem evitar as complicações da doença.
Já uma
terceira causa de perda de visão comum entre os brasileiros é a catarata,
doença totalmente reversível. “É causada pela opacificação do cristalino, que é
a lente intraocular natural do olho. Durante a cirurgia, o cristalino é
substituído por uma lente intraocular”, informa o Fabrício Witzel.
A degeneração
macular relacionada à idade é frequente em pacientes da terceira idade. Gerada
por uma alteração na região central da retina conhecida como mácula, a
degeneração induz prejuízo da principal área de visão dos pacientes. Pessoas
com olhos claros tem maior chance de sofrer com a doença, que tem caráter
genético e hereditário. O tratamento utiliza vitaminas específicas e injeções
intraoculares nos casos mais severos.
Cuidados
com os olhos
Dr.
Fabrício Witzel alerta também sobre os principais cuidados para manter os olhos
saudáveis. A primeira visita ao oftalmologista deve acontecer ainda na
infância, por volta dos três anos de idade. Segundo o especialista, algumas
doenças oculares, como o estrabismo, podem ser recuperadas apenas nesta fase da
infância – senão o dano visual gerado será para o resto da vida.
“A boa
saúde ocular da criança garante seu aproveitamento escolar, que é totalmente
abalado caso haja alguma dificuldade de visão”, analisa o médico do Hospital
das Clínicas da USP.
Já na
juventude e idade adulta, algumas das principais doenças oculares são a miopia,
o astigmatismo e o ceratocone (deformação da córnea, frequente em pessoas com
alergias nos olhos), dentre outros.
Cuidados
básicos, válidos para todas as idades, podem evitar problemas adicionais: mesmo
em dias nublados, deve-se sair à rua com óculos dotados de filtros de proteção
UVA e UVB (contra radiação ultravioleta).
Menos
usados, mas também muito importantes são os óculos de proteção, que deveriam
ser utilizados para a realização de trabalhos domésticos corriqueiros. “É
altíssimo o índice de traumas oculares na vida adulta ocasionadas por situações
simples do cotidiano, que vão desde cortar a unha até colocar um prego na
parede”, revela o médico.
Sobre
o Dr. Fabrício Witzel
Médico do
Departamento de Oftalmologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
USP e responsável pela Clínica Ocular Max Care. Especialista em Córnea,
Catarata e Cirurgia Refrativa, Witzel se graduou e possui doutorado pela USP e
pós-doutorado pela Cleveland Clinic Foundation (EUA). Publicou diversos artigos
científicos e colaborou com as obras “Guia Prático de Cirurgia Refrativa”, “Ocular
Therapeutics – An Eye on New Discoveries” e “Ocular Disease – Mechanisms and
Management”.
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