Recifense ganhará ajuda do primeiro cão-guia treinado em Pernambuco

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Ketyanne Barros nasceu cega e receberá animal na próxima semana.
Treinamento foi feito no Kennel Club, que já está adestrando outros três cães.
 
Quem tem deficiência visual sofre para caminhar nas ruas e calçadas do Recife, que estão em péssimas condições e sem sinalização adequada para guiar as pessoas que não enxergam. Só a bengala, muitas vezes, não garante a segurança necessária para circular pela cidade. O caminho ao trabalho pode ser facilitado com a ajuda de cães-guias, bichinhos de estimação que evitam acidentes e ajudam as pessoas com deficiência. Em Pernambuco, o Kennel Club, uma associação privada sem fins lucrativos, funciona em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, somente com a intenção de treinar os animais para esta finalidade. Eles devem entregar o primeiro cão-guia treinado em Pernambuco na próxima semana. No momento, outros três cães estão sendo treinados no Kennel Club.
 
Quem deve receber o animal é a professora de informática de Braille Ketyanne Barros dos Santos, que enfrenta um desafio todos os dias ao sair de casa. Ela mora no bairro de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife, e vai todos os dias à Fundação Altino Ventura, no bairro da Boa Vista, centro da capital pernambucana, onde trabalha. Ketyanne nasceu cega e conta com a ajuda da mãe para desviar dos obstáculos nos primeiros 300 metros do percurso, até a parada de ônibus, se arriscando a pé. "Você tem que estar ouvindo para ver se vem carro. De vez em quando tem uma pocinha, você pisa na lama. É bem difícil", alegou.
 
Depois de embarcar no ônibus, ela segue viagem sozinha. Como explica a repórter Cacyone Gomes, a intenção era acompanhar o percurso da jovem sem interferir em nada; mas Ketyanne poderia ter sido atropelada se não fosse impedida pela equipe da reportagem. "Se não tem sinal sonoro, a atenção tem que ser redobrada", disse a personagem. Ao descer na parada de ônibus da Avenida Conde da Boa Vista, Ketyanne pode contar com a presença de uma calçada tátil, com placas de concreto em alto relevo, especial para ajudar pessoas com deficiência visual. "Eu me guio por elas, por isso a importância dos pisos táteis estarem direcionados corretamente. Há pisos que, se você for por onde ele indica, você vai bater na parede", contou ela.

Depois da maratona sozinha, Ketyanne reconhece: "No meu caso, seria perfeito um cão-guia. Primeiro porque eu adoro cachorro, mas seria perfeito também para os obstáculos, além da companhia do cão e da amizade dele".

O treinamento realizado no Kennel Club é pioneiro no Norte-Nordeste, feito com animais doados sobretudo para pessoas cegas. De acordo com a adestradora Morgana Cavalcanti, as raças mais indicadas são a golden retriever e labrador. "São raças que passam mais tranquilidade, confiança, são raças melhores de se trabalhar e são bastante adaptáveis", explicou. Quando chegam ao local de treinamento, os cães são enviados para uma família acolhedora - que pode ser qualquer família - para que o bicho se acostume com o clima familiar. "É para que ele fique sociável com o ambiente antes de começar o treinamento técnico", explicou o adestrador Joaquim Cavalcanti.

Aos nove meses, a cadela Aisha está em treinamento, quase pronta para ser cão-guia. No Kennel Club, os instrutores a ensinam a alertar as pessoas com deficiência sobre perigos como canteiros, lixeiras, desníveis de calçadas. Ela contorna obstáculos e bloqueia a passagem do dono quando necessário. Na hora de descer escadas, ela se antecipa. Em ambientes com degraus, ela para. Aisha também reconhece portões, grades e outros tipos de barreira. "Ela identifica, para, e o deficiente vai tatear com mãos e pés para encontrar o obstáculo e definir outro percurso", garante o adestrador.

Os animais são dóceis e adoram carinho, mas só brincam quando não estão mais em serviço. Enquanto isso, eles usam uma plaquinha com os dizeres "não me toque"; na presença de um deficiente visual, o animal apenas recebe comandos. Mesmo sem guia e sem arreio, Aisha não sai do lugar quando a repórter tenta chamar a atenção dela.

Depois do treino, no entanto, Aisha pode brincar. Como todo animal de estimação, ela adora receber carinho. Joaquim confessou que tinha o sonho de treinar animais desde pequeno, quando aprendeu a amá-los. "Pedi a Deus que me desse o dom para mexer e entender os animais, para interagir. Vamos entregar o primeiro cão guia do estado, um animal que vai ajudar a ser os olhos do deficiente visual. É muito satisfatório", finalizou. O animal deve ser entregue a Katyanne na próxima sexta-feira (22) e vai se chamar Simba.

O Kennel Club fica no quilômetro 15 da BR-101 Norte, no bairro de Jardim Paulista, em Paulista, no Grande Recife.  Quem quiser informações sobre como doar um cão para treinamento ou como fazer para receber um cão-guia de presente, pode entrar no site da associação através deste link.

Fonte: G1

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