Voluntários vendados vivem experiência de cegos em passeio pelo DF
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Com
apoio de um guia, voluntários experimentam emoções como se fossem cegos.
Visitam exposições, sentem a forma das esculturas e aprendem a lidar com os 190
mil deficientes visuais residentes no Distrito Federal.
Luiz Calcagno
Projeto Brasília Tátil promove o curso de acessibilidade para cegos: sem enxergar, videntes conhecem os contornos da escultura no Itamaraty. |
Passos vacilantes guiados por um braço na escuridão pelas
escadarias do Palácio do Itamaraty ou pelo Salão Verde da Câmara dos Deputados,
tateando e sentindo os contornos das estátuas e dos murais de Athos Bulcão. Na
ausência de luz, surge uma nova forma de enxergar o mundo. Esse é o resultado
do curso de Acessibilidades para Cegos, promovido pela Associação Brasileira de
Deficientes Visuais de Brasília (ABDV) para não cegos.
Durante toda a manhã de ontem, 18 voluntários caminharam
pelos pontos turísticos do Executivo e do Legislativo de olhos vendados,
experimentando o mundo de quem é privado da visão. O objetivo: mostrar para o
governo e a população as necessidades dos cerca de 190 mil cegos do Distrito
Federal e como pensar e lidar com essas carências, inclusive diante de um
objeto de arte.
O curso faz parte do projeto Brasília Tátil, elaborado pela
ABDV. Na oficina, os voluntários têm uma aula de condução de deficientes
visuais e, em seguida, dividem-se em duplas em que o primeiro é vendado, e o
segundo faz o trabalho de guia. Depois, a venda é passada para o outro
companheiro, que perde a visão durante a nova etapa do trajeto.
Quem guia o par tem o dever de orientá-lo não só quanto aos
perigos no caminho, como degraus, placas, escadas, mas também precisa descrever
as obras de arte e, se for permitido, tocar no exemplar, guiar a mão do amigo
pela escultura, por exemplo, para que, sem os olhos, os participantes consigam
contemplar o objeto diante deles. Tanto no Itamaraty como na Câmara dos
Deputados há um roteiro turístico em que cegos podem tocar em parte do acervo.
Conduzindo um cego
» O deficiente deve segurar no cotovelo do condutor ou no
ombro. Exemplo, com a mão direita, ele segura no lado esquerdo do guia
» A pessoa que conduz deve se lembrar de que atua como os
olhos do cego na hora de decidir o caminho a percorrer e escolher as rotas mais
seguras
» É importante parar antes de cada obstáculo, como calçadas
ou escadas, e anunciar o que vem pela frente
» Na rua, com um desconhecido cego, seja educado.
Identifique-se e pergunte se ele precisa de ajuda antes de tentar guiá-lo. E
não precisa gritar.
Pontos de visitação
» Palácio do Itamaraty
O monumento oferece um trajeto em que os cegos podem tocar
em esculturas e também em um painel de Athos Bulcão.
» Câmara dos Deputados
O Salão Verde da Câmara dispõe de uma maquete tátil com
relevos diferentes para a representação da grama, do asfalto e do espelho
d’água, além de esculturas e de um painel que representa o Rio Araguaia.
Contatos
Associação Brasileira de Deficientes Visuais (ABDV) de Brasília
Endereço: SGAS 903, Lote 78, Bloco C, Asa Sul,
ao lado do Aeroclube
Site: brasiliatatil.com.br e abdvweb.com.
E-mail: abdvweb@gmail.com.
Telefone: 3322-9718 e 3326-1745.
Fonte: www.correiobraziliense.com.br e APNEN Nova Odessa
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