Esclerose múltipla, sem estigmas
Compartilhe
Chamar alguém de “esclerosado” normalmente tem uma
conotação pejorativa, similar aos termos “gagá”, “caduco”, dentre outros
comumente atribuídos ao indivíduo que perdeu capacidades mentais. Existe muita
desinformação a respeito da esclerose múltipla e, talvez por isso, ela seja
muito estigmatizada. Mas com um bom acompanhamento médico e com o carinho da
família, os portadores podem ter qualidade de vida por um bom tempo.
A doença é causada pela destruição da bainha de
mielina, composta das fibras responsáveis pela transmissão de impulsos
elétricos no nosso corpo, que tornam possível o andar, o equilíbrio, a nitidez
da visão, dentre outras características. Nos locais em que ocorre esse dano,
formam-se placas e tecidos endurecidos, daí a denominação esclerose, e a
palavra múltipla está ligada ao aparecimento dessas placas em distintas áreas
do cérebro e da medula espinhal.
Segundo dados do Centro de Investigação em
Esclerose Múltipla de Minas Gerais (Ciem), a prevalência da doença em Belo
Horizonte é de 18 casos por 100 mil habitantes. Ainda de acordo com o Ciem,
essa doença é tipicamente diagnosticada entre os 20 e 50 anos de idade, embora
também possa ser desenvolvida na infância e na velhice. Além disso, ela é mais
frequente em mulheres, e mais comum em caucasianos (pessoas com descendência
europeia).
Um episódio característico é o chamado surto, que é
a atividade inflamatória da doença – o processo em que a bainha de mielina é
lesada, como explica o professor do Departamento de Oftalmologia e
Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da UFMG, Marco Aurélio Lana. Ele
também descreve esse acontecimento como “o aparecimento de um sintoma ou de uma
manifestação nova, ou a reincidência de um sintoma que já havia acontecido.
Pode ser fraqueza num braço, numa perna, dificuldade de andar; podem ser
problemas de equilíbrio, vertigem, tonturas; podem ser alterações na
movimentação ocular ou alterações de sensibilidade”, exemplifica.
Apesar de muito comum em pacientes com esclerose
múltipla, essa crise não se apresenta em todos os portadores. Marco Aurélio
destaca que 85% dos casos ocorrem na forma de surtos e remissões, ou seja, as
crises aparecem por um período e acabam depois de um tempo. Os outros 15% se
manifestam da forma chamada progressiva primária, sem surtos. Mas em ambos os
casos, a doença evolui.
Ainda não há uma cura definitiva para a doença. O
tratamento visa justamente evitar a ocorrência dos surtos, mas ainda não impede
a piora contínua da esclerose. Apesar disso, a expectativa é que, num futuro
próximo, os avanços da ciência melhorem o prognóstico da doença. “Nós somos
bastante otimistas em relação ao tratamento da esclerose múltipla. Tem havido
um contínuo progresso, de forma que os medicamentos são cada vez mais potentes,
mais eficazes e menos tóxicos. De modo que o paciente que tem o diagnóstico
recente da esclerose múltipla deve ter otimismo em relação ao seu
futuro”, conclui o neuro-oftalmologista.
Tema da
semana
Na série
“Doenças degenerativas”, especialistas esclarecem algumas dúvidas a respeito da
esclerose múltipla e de outras doenças consideradas graves, e também
desmistificam informações difundidas erroneamente sobre elas. Confira a
programação:
Doença de
Parkinson –
segunda-feira (19/08/2013)
Esclerose
Múltipla –
terça-feira (20/08/2013)
Distrofia
Muscular -
quarta-feira (21/08/2013)
Doença de
Huntington –
quinta-feira (22/08/2013)
Glaucoma – sexta-feira (23/08/2013)
Sobre o
programa de rádio
O Saúde com
Ciência é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de
Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população
sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h, ouça o
programa na rádio UFMG Educativa, 104,5 fm. Ele ainda é veiculado em 30
emissoras de rádio em Minas Gerais. Também é possível conferir as edições pelo site
do Saúde com Ciência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu Comentário é muito importante para nós.