Braille nas Universidades: utopia ou realidade?

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*Por Luciane Molina

Para os que já me conhecem de longa data e, aos que recentemente tem acompanhado meus textos pelo blog, devem ter percebido que venho defendido o ensino do Braille e sua democratização entre cegos e videntes. Isso porque o fato de não enxergar não deve ser motivo para que os cegos passem a viver isolados do mundo ou em pequenos guetos, apenas porque somente nesses espaços teriam como se comunicar plenamente por meio da leitura e da escrita.

Muito pelo contrário, o direito à uma comunicação eficaz precisa romper essas fronteiras e marcar presença em outros espaços, como nas escolas e universidades. Da mesma forma que os surdos vem se empoderando desse direito comunicacional amparado por leis, temos os cegos que, ainda estão às margens dessa realidade. Em 2005, foi assinado um decreto obrigando todas as universidades e colégios federais a manter um intérprete nas salas de aula em que houver aluno surdo. Esse mesmo decreto estabeleceu que os cursos de formação de professores, pedagogia, matemática, geografia, etc, e os de fonoaudiologia devem incluir LIBRAS como disciplina em sua grade curricular.

E por que não temos nada sobre Braille nesse sentido? Mesmo não sendo uma “língua” o Sistema Braille possui suas especificidades e contribui para uma boa comunicação. As crianças cegas, por exemplo, muito se alegrariam se seus professores ou familiares conseguissem compreender sua forma de leitura e escrita. Quantas dessas crianças desejariam enviar um bilhete, uma carta ou simplesmente receber materiais que estejam acessíveis pra elas. Quantos jovens cegos ou adultos desejariam que seus materiais e trabalhos fossem recebidos em Braille sem a necessidade de uma mediação? Quantos cegos se beneficiariam de uma universidade acessível?

Aprender Braille é, antes de mais nada, reconhecer a identidade dessas pessoas; é um ato de cidadania e respeito. Defendo o ensino do Braille e a inclusão dessa disciplina nos cursos de licenciatura, nas escolas de ensino fundamental e nos cursos técnicos, e dessa forma, quem sabe não teriam mais pessoas cegas frequentando os diversos espaços, as universidades, o mercado de trabalho. Aprender Braille é necessário a todos que defendem um mundo mais inclusivo e menos desigual… Será utopia ou, juntos, podemos transformar esse desejo em realidade?

E você, também se interessaria em aprender Braille? Que tal começar?
* Luciane Molina é pedagoga e Braillista. Possui especialização em atendimento Educacional especializado e atua com formação de professores em Grafia Braille pela região do Vale do Paraíba.

Fonte: Guia Inclusivo

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