Aluno com paralisia cerebral é finalista da Olimpíada Brasileira de Matemática
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Gabriela Lousada
Do UOL, em Santos
(SP)
Aluno da educação
inclusiva na classe 6ªD do ensino fundamental na Escola Municipal Noêmia Salles
Padovan, Arthur está entre os melhores da classe, motivo de orgulho para a mãe.
"Se eu falo que estou muito orgulhosa é pouco. Foi um salto para ele ter
passado na 2ª fase. Ele já é um campeão para mim. Não só na matemática, mas
campeão da vida, de tudo. Ele é meu campeão", diz Valéria dos Santos
Silva, 46.
A família
reconhece a responsabilidade do estudante. "Meu filho é muito inteligente.
Sabemos que não é fácil, mas ele está aí para provar que nada é impossível,
basta acreditar. O exemplo dele serve de incentivo aos demais alunos. Agradeço
às professoras que o inscreveram na Olimpíada. Elas não olharam a deficiência
do meu Arthur e sim a capacidade dele", se emociona Valéria.
Arthur tem
dificuldade para falar e, por isso, utiliza o computador portátil como extensão
da sua voz. Recurso utilizado apenas às vezes pela mãe, que diz entender o que
o filho quer com a pronúncia de algumas sílabas. "Sou a mãe, entendo meu
filho, apesar dele só falar algumas palavras. Quando ele quer me contar como
foi o dia na escola, usamos o notebook".
Embora seja bom
com os números, o itanhaense já sabe o que vai querer para o futuro. Os
mistérios e curiosidades que envolvem os planetas, as galáxias, o sistema solar
e a lua ganham notoriedade na vida do garoto. "Quando o assunto é
astronomia, os olhos do meu filho brilham. Ele até balbucia algumas
palavras", conta a mãe.
Sem ajuda
especial
Para executar as
tarefas do dia a dia escolar, ele conta com o auxílio de um notebook (para
expressar o que quer dizer) e da estagiária Marina Alves Carvalho Ferreira,
responsável por acompanhar o desempenho do estudante durante as aulas. Mas todo
o esforço -- reforça a mãe -- fica por conta dele. "A estagiária é como
uma 2ª mãe para ele, sou muito grata a ela. A Marina na sala de aula funciona
como um porta voz para o pequeno Arthur", diz Valéria.
"Ele é
exemplo para os demais estudantes. É inteligente, engajado e adora estudar e
não gosta de faltar à escola. Inclusive, quando tem consulta marcada e precisa
sair mais cedo da unidade, ele fica nervoso", conta a estagiária.
A mãe explica que,
apesar da deficiência, o aluno não sofre preconceito no ambiente escolar:
"Todos o adoram e os amiguinhos e professores estão sempre ajudando. Ele é
um menino especial, não pela deficiência, mas pela pessoa carinhosa que ele é.
Está sempre sorrindo e feliz".
O aluno está
sempre na companhia de Wesley Rodrigues, 11, o amigo inseparável. "Quando
ele tem dificuldade eu o ajudo, mas grande parte do dia ele não precisa. Ele é
muito inteligente". No intervalo das aulas, o passatempo predileto de
Arthur é jogar damas e dominó. "Ele é bom com os números". Mas
adverte: "Eu também ganho as partidas", brinca Wesley.
Fanático pelo
Corinthians
As atividades
diárias do Arthur não se resumem à escola. Neste mês de férias, além de
repassar as matérias para a participação na Olimpíada de Matemática, o menino
aproveita para brincar, torcer pelo time de coração e ver TV.
"Ele é
fanático pelo Corinthians, adora futebol. Quando não está no computador
conversando ou jogando no Facebook, ele está vendo desenho na televisão ou
brincando. O Arthur aproveita as férias como os coleguinhas da classe",
diz a mãe.
Além das brincadeiras, o finalista ainda tem na
agenda sessões de terapia ocupacional, fisioterapia e natação. E o que
Arthur tem a dizer sobre a participação dele na Obmep? Letra por letra, ele vai
formando a frase na tela do computador: "Gosto muito de estudar. Obrigado.
Estou muito feliz".
Fonte: UOL
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