Paralisia Cerebral e Deficiência Intelectual.
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Paralisia Cerebral: Mito e Realidade.
Jornal da AME.
Existem alguns
mitos relacionados às pessoas com deficiência, em geral alimentados pela
sociedade em virtude da falta de convivência e familiaridade. Um deles é a
associação da paralisia cerebral com deficiência intelectual. Uma até pode
estar associada à outra, mas isso não é regra, pois são quadros muito
distintos.
Há vários
tipos de paralisia cerebral, relacionados com a localização e a extensão da
lesão no cérebro, mas a lesão necessariamente não chega a atingir o intelecto.
Quando a lesão está localizada nas áreas que modificam ou regulam o movimento,
a criança apresenta movimentos involuntários, que estão fora de seu controle e
permanecem durante a fase de desenvolvimento e na idade adulta.
As
Várias Causas da Paralisia Cerebral.
Segundo a
Associação de Paralisia Cerebral do Brasil (APCB), a paralisia cerebral se dá
pela falta de oxigênio no cérebro durante o nascimento. Algumas doenças ou
problemas durante a gestação também podem causar a PC, como, por exemplo,
ameaça de aborto, choque direto no abdômen da mãe, incompatibilidade entre o
tipo sanguíneo da mãe e do pai, hipertensão arterial durante a gravidez,
infecções congênitas como a sífilis, toxoplasmose, herpes, rubéola, consumo de
drogas e exposição a radiação ou qualquer outro fator que leve a uma lesão no
sistema nervoso central. As causas perinatais estão relacionadas principalmente
com complicações durante o parto e a prematuridade.
As principais
causas de PC depois do nascimento são febre prolongada e muito alta,
desidratação grave, sarampo e traumatismo crânio-encefálico até os três anos de
idade, entre outras. Isso se dá pelo fato de até os dois anos de vida o sistema
nervoso central não estar totalmente formado. Pode se definir a PC como um
distúrbio ou transtorno dos movimentos e da postura, que não regride e não
progride, e assim não se caracteriza como doença ou síndrome. Pode trazer
dificuldades nos movimentos, na locomoção, audição e visão do bebê. Mas, em 90%
dos casos, a inteligência de quem tem PC é preservada.
Diferenças
entre Paralisia Cerebral e Deficiência Intelectual.
Segundo o
neurologista infantil do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP,
Fernando Kok, uma lesão no sistema nervoso central pode afetar a parte motora
ou mental da pessoa e quando esta lesão só atinge a parte motora, denomina-se
paralisia cerebral. Quando a lesão compromete a parte mental (cognitivo),
resulta em deficiência intelectual. De acordo com a Associação Americana de
Deficiência Intelectual e Distúrbio do Desenvolvimento, a pessoa com deficiência
intelectual apresenta QI menor que 70, o que necessariamente não faz relação
com quem tem PC.
Educação
e Escola.
Na questão da
educação, muitas vezes quem tem PC não é acometido por nenhuma disfunção
cognitiva, mas apresenta limitações físicas, como não conseguir ficar muito
tempo sentado e não se comunicar ou escrever da forma convencional. Normalmente
são utilizadas ajudas técnicas como cadeira e lápis adaptados, podendo estudar
em escola regular.
Prevenção
e Diagnóstico.
Existem
diversos graus de limitações e não é possível reverter um quadro de PC, uma vez
que a lesão do cérebro estará sempre lá, porém, é possível preveni-lo, sendo
muito importante que as mães façam o pré-natal durante toda a gestação.
O diagnóstico
da paralisia cerebral é feito por análises neurológicas e exames por imagem
como ressonância magnética, tomografia e ultra-som. No exame clínico é
observado se há sinais de reflexos, com o exame do martelinho, se há atraso na
evolução da criança, como sentar, manter o corpo mais firme, andar, etc.
"Ao
engravidar, a mulher deve procurar alimentar-se bem, evitar o álcool, o fumo e
não tomar remédios sem consultar o médico. Vacinar o bebê e evitar qualquer
situação de risco são essenciais", destaca a fisioterapeuta e doutora em
Ciências pelo Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da USP, Ana
Paula Restiffe.
Sociedade
e Pessoas com Paralisia Cerebral.
Por
desconhecimento da sociedade em geral, as pessoas que possuem PC têm
dificuldades na vida social e profissional. Com relação ao mercado de trabalho,
o preconceito em relação ao paralisado cerebral leva ao descrédito sobre suas
reais capacidades. No Brasil, onde a crise de emprego atinge parte considerável
da população, a paralisia cerebral se apresenta como mais uma barreira para que
o individuo consiga uma colocação profissional, e por conseqüência, aceitação
na sociedade.
Alguns
Paralisados Cerebrais Vencedores.
Muito embora a
sociedade manifeste desconhecimento ou preconceito em relação ao paralisado cerebral,
existem vários exemplos de pessoas que se destacam com maestria em suas áreas
de atuação. São vencedores, sobreviventes da realidade excludente a que são
submetidos, desde o nascimento, uns mais outros menos, dependendo da gravidade
do quadro.
Ricardo Tadeu
Marques da Fonseca.
Um exemplo
clássico é o procurador do Ministério Público do Trabalho, Ricardo Tadeu
Marques da Fonseca, que nasceu no sexto mês de gestação e o excesso de
oxigenação no cérebro e problemas no parto ocasionaram deficiência visual e
paralisia cerebral. Ele é um exemplo de paralisia cerebral leve. Hoje, aos 48
anos, é cego, com PC e um dos mais brilhantes defensores dos direitos das
pessoas com deficiência. A paralisia cerebral afetou seus membros superiores e
inferiores, mas realizou fisioterapia e várias cirurgias na infância e
adolescência, ficando com poucas sequelas.
Antonio Carlos
Viviane.
Um exemplo de
pessoa com paralisia cerebral não tão leve é Antonio Carlos Viviani, o
Carlinhos, escritor e poeta. Com 31 anos, tem deficiência física nos membros
superiores e inferiores. Quando escreve, expressa nas letras seu lado romântico
e terno com amplo alcance. Quando fala é pouco entendido, pois a PC lhe deixou
sérias seqüelas que prejudicam a comunicação oral. Mesmo assim, sente-se
diferente apenas porque utiliza cadeira de rodas para se locomover. Cadeira,
aliás, que empurra com o próprio pé de ré, para que ninguém a empurre, pois
gosta de enfatizar que é independente.
Para ele, as
maiores dificuldades que enfrenta no dia-a-dia são a comunicação, o preconceito
e a falta de informação de algumas pessoas. "Dependendo do caso, algumas
coisas não consigo fazer, como tirar a barba, porém me alimento sozinho e faço
quase tudo", destaca.
No fundo,
Carlinhos alimenta o sonho de um dia ser tratado como qualquer um.
"Afinal, a gente é igual", afirma. Carlinhos destaca, ainda, que no
caso dele, a PC não lhe afetou a mente. "O mais importante é a força de
vontade. É preciso ter força de vontade para colocar o dom para fora. Eu escrevo
porque gosto! As pessoas começaram a elogiar e saiu o livro. Para vender é
difícil, mas eu gosto de escrever", observa.
Sueli Harumi
Satow.
Outro exemplo
é a comunicadora e filósofa Suely Harumi Satow, 54 anos, com mestrado e
doutorado em Psicologia Social, pela PUC de São Paulo. Apesar da titulação, ela
destaca que, em geral, os atendentes de lojas e médicos a tratam como se
tivesse deficiência intelectual.
Ela atribui
seu desenvolvimento ao apoio da família. Seus pais a incentivavam sempre, mesmo
nas situações mais difíceis. "Na escola também havia um outro extremo, na
classe me consideravam a aluna exemplar por causa das seqüelas, mas na hora do
lanche eu ficava com as excluídas (a mais gorda, a mais feia, etc.). Estas
circunstâncias levaram-me a um desequilíbrio psíquico muito forte, que quase me
colocaram em um hospício", afirma.
Suely gostaria
que a sociedade a tratasse como as outras pessoas, vendo-a como ser humano,
apesar das diferenças, e não como um ser incapaz com necessidade de tutela.
"A sociedade deveria rever sua hipocrisia, fingindo que não é
preconceituosa, e olhar profundamente para ela mesma, os indivíduos que a
compõem, e se conhecer melhor. Talvez, agindo assim, as diferenças diminuiriam
gradativamente", observa.
Felipe Sales.
Também o
pequeno Felipe, de quatro anos, é um garoto com PC, mas isso não é sequer
imaginado por quem o vê serelepe pelos corredores da Divisão de Medicina de
Reabilitação do HC (DMR), onde faz reabilitação e conquista a todos com seu
sorriso maroto. Sua mãe, Maria Paula Sales, psicóloga, conta que sua gravidez
foi sem intercorrências, calma e normal. O filho apresenta pequena dificuldade
motora em membros inferiores e braço esquerdo.
"Ele tem
uma rotina normal, como qualquer outra criança, brinca, vai à escola, adora
cantar e dançar, enfim, é uma criança muito alegre", destaca a mãe. Com a
reabilitação, ela espera que as seqüelas, que não são acentuadas, sejam ainda
mais amenizadas e que ele consiga cada vez com mais facilidade realizar as
atividades de vida diária. "Espero que ele se realize como pessoa e que a
pequena deficiência que ele apresenta não o impeça de fazer o que ele gostar e
quiser", afirma.
Jornal da AME. edição nº. 65, outubro / 2007.
Maria Isabel da Silva - Jornalista DMR HC FMUSP.
Editora do Jornal da AME.
Entao..pesquisando encontrei esse artigo,sobre paralisia cerebral,meu filho tem 17 anos,e tem paralisia cerebral,com apraxia da fala e tbm aparalisia compromete a parte direita do corpo do meu filho,deixando-o sem muita segurança e nos estudos ele aprendeu ate quarta serie,depois da quinta em dianta ele não aprendeu mais,se recusa ir pra escola,tem retardo no seu desenvolvimento de aprendizagem,ate então ninguém da parte de educação ,escola deram a minima, a AACD??? dispensou ele aos 5 anos alegando q ele tinha uma paralisia leve..isso me intristece porque eu gostaria que quando eu não mais existir..meu filho fosse independente o bastante pra saber ler fazer contas..etc..,espero que alguém possa nos ajudar..ja não tenho muita disposição,pra falar e ser enviada pra um lado e outro..
ResponderExcluirmeu telefone é: tim 011 9 97572100