Acessibilidade: Deficiência visual
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Por Luciane Molina*
A presença de deficientes visuais nos espaços públicos de grande circulação de
pessoas tem causado um impacto quanto às exigências por acessibilidade. Isso
inclui, entre outros, as adaptações arquitetônicas, acessibilidade
comunicacional e prestação de serviços por funcionários de estabelecimentos
comerciais.
Por um lado é muito positivo saber
que essas pessoas, antes marginalizadas por sua limitação, abriram as portas de
suas casas para que pudessem usufruírem do convívio em sociedade, embora tenham
que esbarrar em certos obstáculos. E, apesar dessas barreiras não provocarem
mais a alienação por parte delas, muito ainda é preciso conquistar para que
tenham seus direitos respeitados.
Por outro lado, a presença das
pessoas com deficiência visual tem deixado ainda mais visível o despreparo da
sociedade em lidar com as situações que surgem nesse contato e evidencia a
necessidade em disseminar informações que cumpram o papel de desmitificar
certos estigmas acerca da cegueira ou da baixa visão.
E nesse sentido, as próprias pessoas
com deficiência visual são as grandes responsáveis pela mudança do cenário
atual, não só por sua presença como consumidores de produtos ou serviços, mas
no papel de indicar o melhor caminho ou a solução mais satisfatória naquele
momento. A postura da própria pessoa cega que vai determinar se serão
vitimadas, superprotegidas ou respeitadas em direitos e deveres como qualquer
cidadão.
O conhecimento sobre a escrita
Braille e seu impacto na vida do cego seria um fator positivo para que os
estabelecimentos comerciais disponibilizassem as informações impressas em
tinta, também em Braille, como cardápios, etiquetas com preços, legendas em
geral e identificação dos espaços. Uma maquete do local seria bastante válida
quando se tratar de estabelecimentos maiores. O conhecimento sobre a
audiodescrição é fator relevante para que os atendentes descreva com precisão
os produtos que o cego pretenda consumir, tais como cores, detalhes sobre as
peças em exposição na vitrine, alimentos em um restaurante e disposição física
dos elementos do ambiente, permitindo que os toquem, sempre que possível,
explorando suas características. O conhecimento sobre técnicas de orientação e
mobilidade poderá servir de subsídio para que os funcionários do
estabelecimento conduzam, de forma segura e confortável, a pessoa cega até o local
de destino, oferecendo ajuda quando necessário.
Por isso, quando falamos em inclusão
não estamos nos referindo apenas à inclusão escolar, mas a partir dela garantir
que os espaços, serviços e produtos estejam disponíveis também para as pessoas
com deficiência visual. A acessibilidade não deve ser o diferencial de uma
marca, mas sim propor alternativas que reduzam a barreira entre os sentidos. E
para você que não deseja cometer gafe, a única regra é: “pergunte sempre”! E
isso vale tanto para a pessoa com deficiência visual quanto para quem pretenda
ajudá-la…
Luciane Molina é pedagoga e pessoa
com deficiência visual. Atua com inclusão escolar e Atendimento Educacional
especializado pela Secretaria Municipal de educação de Lorena, por meio do
Projeto VIDA (Vivenciando a Inclusão, Diversidade em ação).
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