Comissão discute união de pessoas com deficiência intelectual
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A história de Ilka Fornaziero e Arthur D.G. Neto,
portadores de síndrome de Down que pretendem se casar, levou a Comissão de
Direitos Humanos da Câmara Municipal a realizar nesta quinta-feira uma
audiência pública que discutiu a união estável de deficientes intelectuais.
Ilka e Arthur optaram por um contrato particular de união
estável, pois nenhum cartório pode realizar o casamento deles.
O vereador Quito Formiga (PR), que conduziu a audiência,
avaliou a situação dos noivos como “inaceitável” e “incompreensível”.
Assim como ele,
Fabio Bechara, promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo
e voluntário da Associação de Paes e Amigos dos Excepcionais (APAE) de São
Paulo, argumentou que é preciso rever a política de “afirmação dos direitos,
lutar para que o bem-estar de qualquer pessoa se concretize”.
O Código Civil atual estabelece como condição
preponderante e oficial a livre manifestação da vontade dos noivos. Dessa
forma, eles precisam ser avaliados como plenamente capazes de tomar essa
decisão.
Para o advogado Luiz Geraldo Cunha Malheiros, voluntário
da APAE, é nesse formalismo que o casamento de pessoas como Ilka e Arthur fica
impossibilitado. Malheiros disse ainda que os cartórios apenas seguem a
legislação, por isso é na lei que as alterações devem ser feitas.
Segundo Sidney Pellici, da Associação de Registradores de
Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (ARPEN-SP), o Código Civil dá espaço
para que os casos sejam vistos individualmente. Embora ele concorde que a lei
precise ser revista, Sidney disse que os cartórios “estão sempre sensíveis às
particularidades de cada um”.
No caso de Ilka e Arthur, há ainda a questão da
interdição judicial: ambos são interditos, ou seja, considerados judicialmente
“incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil”. Como Arthur possui
interdição total, segundo Sidney, ele não pode se casar. Entretanto, Pellici
explicou que essa classificação pode ser revista. “A incapacidade é determinada
em um momento, mas se a pessoa continuou estudando, começou a trabalhar e se
inseriu na sociedade, uma nova análise pode mudar isso”, disse.
O casal com síndrome de Down anunciou que comemorará a
união em 8 de dezembro. Além do contrato de união estável, eles realizarão uma
cerimônia religiosa. Para Ilka, isso já basta. “Para mim o importante é estar
com ele”, comemorou.
Fonte: Portal da Câmara Municipal de São Paulo
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