Avanços tecnológicos ajudam a incluir pessoas com deficiência no mercado de trabalho
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Enquanto o mundo celebra as extraordinárias conquistas
dos atletas paralímpicos nos Jogos
de Londres, pessoas com deficiência em todo o mundo enfrentam
desafios cada vez mais sérios na luta por espaço no mercado de trabalho.
As dificuldades físicas, aliadas ao preconceito e à
ignorância, ficam ainda mais difíceis de superar em tempos de recessão
econômica.
Muitos acreditam que a tecnologia - que auxiliou tantos
atletas durante as Paralimpíadas - tem um papel importante em permitir que as
pessoas com deficiência brilhem também fora do Parque Olímpico, realizando seu
potencial nas mais diversas profissões.
Revolução
biônica
Um dos líderes na batalha para que a tecnologia abra os
caminhos do mundo às pessoas com deficiência está o americano Hugh Herr,
professor do Media Lab do Massachusetts Institute of Technology (MIT)
,
em Massachusetts, Estados Unidos.
Ele acredita que os avanços da tecnologia biônica podem
liberar o potencial de uma força de trabalho que, até agora, vinha sendo
subutilizada.
"Eu prevejo uma revolução de biônicos", disse
Herr.
"Estamos entrando em uma era biônica, onde começamos a ver tecnologia que é sofisticada o suficiente para imitar funções fisiológicas importantes".
"Estamos entrando em uma era biônica, onde começamos a ver tecnologia que é sofisticada o suficiente para imitar funções fisiológicas importantes".
Ele fala com convicção e tem boas razões para isso.
Como diretor da companhia iWalk
- que fabrica próteses robóticas que imitam as funções de membros do corpo
humano - Herr trabalha com biônicos diariamente.
Além disso, o professor personifica a revolução que
prevê. Durante uma mal sucedida expedição de alpinismo em 1982, Herr sofreu
ulcerações tão graves provocadas pelo frio que suas pernas tiveram de ser
amputadas abaixo dos joelhos.
Hoje, graças aos produtos que ele próprio desenvolveu,
Herr pratica alpinismo.
As próteses biônicas que produz são tão avançadas que não
apenas imitam as funções de uma perna humana normal - elas são, em vários
aspectos, superiores. E estão disponíveis comercialmente em outros 50 centros
espalhados pelos Estados Unidos.
Um cliente da iWalk, um trabalhador de fábrica de Ohio,
conseguiu voltar ao trabalho apenas duas semanas após ter suas novas pernas
ajustadas.
"Podemos colocar as pessoas de volta no trabalho, o
que é (uma conquista) imensa. Só isso custaria ao estado milhões de
dólares".
"Além disso, podemos reduzir ou eliminar
gastos".
Herr explicou que, quando uma pessoa manca, há efeitos colaterais, como dor nas costas e nas juntas. E eles tendem a aumentar com o passar dos anos.
Herr explicou que, quando uma pessoa manca, há efeitos colaterais, como dor nas costas e nas juntas. E eles tendem a aumentar com o passar dos anos.
"Tivemos pacientes cuja dor foi cortada pela metade,
ou em 75%, o que é bastante"
Combatendo
o estigma
Para alguns, no entanto, não se trata de retornar ao
antigo emprego e, sim, de conseguir um trabalho.
Barbara Otto é diretora da ONG Think Beyond the Label, uma entidade que tenta auxiliar empresas que desejam contratar pessoas com deficiência.
A ONG criou um portal digital que funciona como uma rede social, permitindo que empregadores e força de trabalho façam contato.
Barbara Otto é diretora da ONG Think Beyond the Label, uma entidade que tenta auxiliar empresas que desejam contratar pessoas com deficiência.
A ONG criou um portal digital que funciona como uma rede social, permitindo que empregadores e força de trabalho façam contato.
A entidade organiza, por exemplo, feiras online onde
empresas e candidatos a empregos podem se encontrar.
Com isso, Think Beyond the Label tenta romper o estigma
que tantas vezes mantém pessoas com deficiência fora do mercado de trabalho.
"A grande vantagem dessas feiras profissionais
online é que não há necessidade de que as empresas viajem, e não há a
necessidade de que as pessoas com deficiência viajem para um determinado
local".
"Isso rompe quaisquer inibições que um empregador possa ter, ou que uma pessoa com deficiência possa ter, ao entrar em contato".
"Isso rompe quaisquer inibições que um empregador possa ter, ou que uma pessoa com deficiência possa ter, ao entrar em contato".
Otto acredita que empresas têm muito a ganhar ao empregar
pessoas com deficiência.
"Sempre digo, se você quiser contratar alguém que
pense diferente, empregue uma pessoa que tem alguma deficiência".
"Suas experiências diárias fazem com que procurem
inovar".
"Quando buscamos inovações em design, tecnologia ou
em usos de softwares, pessoas com deficiência são sempre capazes de oferecer
essa inovação que faltava porque precisam inovar na sua vida diária".
Acesso
ao trabalho
Outra importante frente de batalha na luta para colocar
pessoas com deficiência no mercado profissional é garantir a eles o acesso ao
local de trabalho.
"A tecnologia terá um papel central nesse
processo", disse Alan Roulstone, professor de inclusão da Northumbria
University, nas imediações de Newcastle, no norte da Inglaterra.
Ele acredita que a grande estrela nesse palco são as
tecnologias de navegação ambiental, ou sistemas de navegação por satélite
adaptados para uso em prédios de escritórios.
"Tendo em vista a maneira como a telefonia e as tecnologias
de GPS (Global Positioning Systems) estão se desenvolvendo, acho que é apenas uma questão de tempo para que você tenha apps para celulares que permitam que pessoas com deficiência visual, declínio cognitivo ou dislexia naveguem pelo ambiente".
"Tendo em vista a maneira como a telefonia e as tecnologias
de GPS (Global Positioning Systems) estão se desenvolvendo, acho que é apenas uma questão de tempo para que você tenha apps para celulares que permitam que pessoas com deficiência visual, declínio cognitivo ou dislexia naveguem pelo ambiente".
Críticas
Alguns observam com cautela a emergência de tecnologias
capazes de nos levar além das fronteiras da natureza - particularmente no caso
dos biônicos, que podem ser usados para aumentar as capacidades do corpo
humano.
Essas questões não preocupam Hugh Herr, do MIT Media Lab.
E ele explicou por que:
"Existe tanta dor e sofrimento no mundo hoje por
causa de corpos que não funcionam muito bem. A narrativa dominante é construir
uma sociedade onde essa dor e sofrimento sejam reduzidos".
"As pessoas, em geral, não acham que isso não seja
ético". E acrescentou:
"Eu não consigo ver um problema em irmos além do que a natureza pretendia. Nós já fazemos isso, com celulares, bicicletas, carros e aviões".
"Eu não consigo ver um problema em irmos além do que a natureza pretendia. Nós já fazemos isso, com celulares, bicicletas, carros e aviões".
Fonte: G1/BBC
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